Semana Santa: «Este não é apenas um tempo de morte, é também um tempo de gestação» – D. José Tolentino Mendonça (c/vídeo)

Cardeal português acompanha a «solidão de Jesus» e os milagres que acontecem na «trincheiras de sofrimento humano» em que se transformaram os hospitais

Cidade do Vaticano, 08 abr 2020 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça afirmou que a solidão de Jesus no caminho da Cruz é “habitado” pela “rede de encontros” que preencheram a sua vida e este período não é apenas de morte, mas de “gestação”.

“Este não é apenas um período de morte, é também um tempo de gestação, de germinação. E Deus está profundamente presente, desde a primeira hora. Deus não está fora no exterior, a observar-nos. Está abraçado a nós e escuta verdadeiramente a nossa prece”, afirmou arquivista e bibliotecário da Santa Sé.

“Jesus percorre todas as etapas do nosso sofrimento humano. Esta hora não é hora do silêncio de Deus, mas é hora para reconhecê-lo”, afirmou.

Na partilha que faz em cada dia da Semana Santa na Agência ECCLESIA sobre os “teatros da Paixão”, D. José Tolentino Mendonça referiu-se hoje ao itinerário de Jesus para o Calvário e às “figuras” que o acompanharam.

“A dor, a experiência da dor torna-nos anónimos”, referiu, considerando que cada pessoa, hoje, como Jesus, no momento da condenação à morte, “não está só”.

“A solidão de Jesus é habitada por tantos rostos, por uma rede de encontros que Jesus foi tecendo ao longo do Evangelho e sem os quais nós não entendemos Jesus”, referiu.

Para o cardeal madeirense, quem se encontrou com Jesus permanece com ele e pode dizer quem é o homem que mergulhou numa “solidão tão extrema”.

“Jesus vive a solidão, mas essa solidão é habitada por tantos rostos, por tantos nomes. Porque a paixão não é uma interrupção do caminho”, lembrou

D. José Tolentino Mendonça considera que “Jesus não é apenas um homem procurado pelas autoridades para o condenarem à morte”, mas é “sobretudo o homem procurado pela nossa humanidade”.

“Nos passos dele nós ousamos acreditar que encontramos a vida”, afirmou.

“Hoje nos hospitais, nessas grandes trincheiras de sofrimento humano em que a pandemia transformou tantos hospitais,  acontecem esses milagres, que são pequenos gestos: os olhares que se encontram, a voz que é escutada, a presença que se avizinha, o rosto que se aproxima, mesmo por trás de uma máscara para dizer a cada ser humano que ele não está só. Nessa rede, que é também um rede de afetos, há uma salvação que se inscreve”, disse.

Para D. José Tolentino Mendonça, o que está a acontecer na humanidade “não é uma interrupção” nem uma “suspensão”, mas “um caminho”.

“Neste Tríduo, o Nazareno sai às ruas, sai às nossas ruas solitárias, às nossas casas atemorizadas, sai aos lugares do confinamento, sai a visitar a todos. E essa certeza da presença de Deus é a força de germinação, a força de gestação de uma etapa seguinte”, afirmou.

Esta Quinta-feira Santa, D. José Tolentino Mendonça partilha na Agência ECCLESIA o que a Última Ceia revela sobre “as figuras do dom”.

PR

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