Seguidores do Arcebispo Lefebvre saúdam decisão de Bento XVI

A Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que congrega os seguidores do Arcebispo Lefebvre, manifestou “regozijo” pela publicação do Motu Proprio de Bento XVI que “liberaliza” a Missa segundo o Rito de São Pio V. Pela boca do seu superior, os membros da Fraternidade saudaram “o restabelecimento nos seus direitos” do antigo Rito, mas afirmam que “ainda existem dificuldades” com o Vaticano. “O Papa Bento XVI restabeleceu em todos os seus direitos a Missa Tridentina, ao afirmar com clareza que o Missal Romano promulgado por São Pio V nunca foi abrogado. A Fraternidade Sacerdotal São Pio X comemora ao ver como a Igreja se reencontra com sua tradição litúrgica”, considerou o comunicado divulgado na página desta comunidade criada pelo francês Marcel Lefebvre. “Por este grande benefício espiritual, a grande Fraternidade São Pio X expressa ao Sumo Pontífice a sua viva gratidão”, acrescenta o comunicado. Apesar das dificuldades que persistem, a Fraternidade “deseja que o clima favorável instaurado pelas novas disposições da Santa Sá torne possível – após a retirada do decreto de excomunhão que ainda afecta muitos dos seus bispos – abordar com maior serenidade os pontos doutrinais em litígio”. Alertas do Vaticano Apesar deste gesto de abertura em relação aos lefebvrianos, o Vaticano já veio a público dizer que estes “não podem negar nem o valor nem a validade” das Missas actuais. O alerta vem do Cardeal Dario Castrillon Hoyos, presidente da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”. A este responsável está confiada a missão de “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”. O Cardeal assegura que chegaram a Roma “milhares de cartas” de fiéis que pediam a possibilidade de participar na Missa no antigo Rito e revela que João Paulo II queria preparar um Motu Proprio semelhante ao que foi hoje publicado. Na carta que enviou aos Bispos de todo o mundo, Bento XVI diz que não é apropriado falar destas duas versões do Missal Romano como se fossem “dois Ritos”, mas antes, de “um duplo uso do único e mesmo Rito”. O Papa diz que “todos sabemos que, no movimento guiado pelo Arcebispo Lefebvre, a fidelidade ao Missal antigo apareceu como um sinal distintivo externo, mas as razões da divisão, que então nascia, encontravam-se a maior profundidade”. Bento XVI lembra que o quadro normativo para o uso do Missal de 1962 que tinha sido criado por João Paulo II (Motu Proprio «Ecclesia Dei» de 2 de Julho de 1988) não continha prescrições detalhadas, mas fazia apelo, de forma mais geral, “à generosidade dos Bispos para com as «justas aspirações» dos fiéis que requeriam este uso do Rito Romano”. “Naquela altura, o Papa queria assim ajudar sobretudo a Fraternidade São Pio X a encontrar de novo a plena unidade com o Sucessor de Pedro, procurando curar uma ferida que se ia fazendo sentir sempre mais dolorosamente. Até agora, infelizmente, esta reconciliação não se conseguiu”, lamenta o actual Papa. Só para lefebvrianos? Bento XVI procura não passar a ideia de que concepções diferentes do Concílio possam levar a uma Igreja dividida nos ritos, antes pelo contrário. “Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial”, escreve aos Bispos, considerando positivo para todos “conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar”. Segundo o Papa, “logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele”, mas entretanto “vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia”. Em jeito de conclusão, Bento XVI deixa um aviso muito claro: “Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades aderentes ao uso antigo não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De facto, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do novo rito a exclusão total do mesmo”.

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