Vaticano nega «regresso ao passado»

O Motu Proprio de Bento XVI sobre a Missa no antigo Rito gera, como o próprio admite, “reacções muito divergentes entre si que vão de uma entusiasta aceitação até uma férrea oposição a respeito de um projecto cujo conteúdo na realidade não era conhecido”. Entre os principais receios manifestados está o de se ver na decisão do Papa “liberalizar” o Rito de São Pio V uma negação do Concílio Vaticano II, temendo que uma das suas decisões essenciais – a reforma litúrgica – seja posta em dúvida. “Tal receio não tem fundamento”, escreve Bento XVI na carta que enviou aos Bispos de todo o mundo, explicando a sua posição. Para o Papa “notícias e juízos elaborados sem suficiente informação criaram não pouca confusão”. Nesse sentido, o director da sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, veio a público assegurar que a decisão de Bento XVI não significa “um regresso ao passado”. “O Papa não quer promover nenhuma revolução no que diz respeito à liturgia actual, renovada pelo Concílio Vaticano II, que continuará a ser seguida pela grande maioria dos fiéis”, referiu o Pe. Lombardi, em declarações à Rádio Vaticano. Bento XVI, indica, “não impõe nenhum regresso ao passado nem quer qualquer enfraquecimento da autoridade do Concílio nem da autoridade ou responsabilidade dos Bispos”, prosseguiu. Para o porta-voz do Vaticano há na decisão do Papa uma “mensagem importante” para quem se encontra descontente com a actual forma de celebrar a Missa: “a liturgia deve ser celebrada com cuidado e respeito, porque através dela comunicamos com o mistério de Deus”. Na carta que enviou aos Bispos, Bento XVI condena algumas “deformações da Liturgia no limite do suportável”. O Papa lembra que “muitas pessoas, que aceitavam claramente o carácter vinculante do Concílio Vaticano II e que eram fiéis ao Papa e aos Bispos, desejavam contudo reaver também a forma, que lhes era cara, da sagrada Liturgia”. Segundo Bento XVI, “isto sucedeu antes de mais porque, em muitos lugares, se celebrava não se atendo de maneira fiel às prescrições do novo Missal, antes consideravam-se como que autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável”. “Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja”, assegura.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top