Saúde Mental: Investimentos na humanização «acabam por não ser comparticipados» – Irmã Sílvia Moreira

Superiora-provincial das Irmãs Hospitaleiras afirmou que apoio do Estado é «insuficiente»

Sintra, 10 mai 2019 (Ecclesia) – A superiora-provincial das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus disse que a sustentabilidade económica é um desafio no serviço que prestam à sociedade na área da saúde mental e o apoio do Estado é “insuficiente”.

“A humanização tem o seu custo. Investimos na humanização, mas tem custos para nós que acabam por não ser comparticipados”, disse a irmã Sílvia Moreira em declarações à Agência ECCLESIA.

A superiora-provincial das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus em Portugal assinala que quando uma pessoa precisa de “cuidados a todos os níveis” o Estado tem “uma certa comparticipação”, mas “muitas vezes é insuficiente” e, se a pessoa doente é de uma família com dificuldade de sustentar o tratamento, existe “uma certa demissão”.

Segundo a irmã Sílvia Moreira as estatísticas mostram que há hospitais psiquiátricos que “foram diminuindo camas” e muitas pessoas doentes “estão na rua ou nas famílias”.

“Uma pessoa sem acompanhamento pode levar a que a própria família fique doente e acaba por alimentar a própria doença. No lugar da pessoa estar a ser cuidada pode gerar desequilíbrio no próprio ambiente familiar e amigos”, exemplifica a religiosa, alertando que é “má opção a diminuição de camas”.

Neste contexto, realça que “há pessoas que têm recuperação e integração na sociedade”, algumas “têm de ser sempre acompanhadas” mas, às vezes, “as condições para isso não se verificam”.

A entrevistada sublinha que “tudo tem custos” e exemplifica que o caminho ao longo do tempo foi diminuir o número de doentes em cada serviço “para o tratamento ser mais familiar”.

“Se diminui o número de doentes em cada serviço aumentamos o número de serviços e aumentamos o número de pessoas a colaborar”, observa.

As Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus prestam cuidados de saúde em particular nas áreas da Psiquiatria e Saúde Mental; ao longo dos anos foram contemplando áreas como a reabilitação psicossocial, a psicogeriatria e gerontopsiquiatria, a toxicodependência e os cuidados paliativos, nos seus centros assistenciais, têm 12 no continente e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, apoiadas por dois mil colaboradores.

A sustentabilidade económica é uma área “problemática” porque “não se vive sem dinheiro” e a irmã Sílvia Moreira explica que têm, “o mais possível”, contacto com as autoridades locais, para estabelecerem parcerias e projetos, para além dos “donativos de benfeitores e famílias” que contribuem para “a sustentabilidade da missão e para a resposta ampla e integral à pessoa doente”.

As Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus começaram a comemorar 125 anos de presença em Portugal com uma Eucaristia, a inauguração do seu museu e uma tarde cultural, esta quinta-feira.

D. Américo Aguiar, que presidiu à Eucaristia, destacou em declarações à Agência ECCLESIA que o apoio das religiosas à população é prestado “de modo indiscriminado do seu credo, da sua proveniência, do seu estado social”.

“Ouvimos falar em tantos e tantos problemas, o Serviço Nacional de Saúde, o SNS, a prestação de saúde aos portugueses e colocamos questões quem é que deve e não deve fazer isso, quem é que pode e não pode fazer isso. Temos aqui o exemplo maior daquilo que significa o benfazer juntos dos portugueses”, desenvolveu o bispo auxiliar de Lisboa.

A congregação religiosa, que está em 27 países de quatro continentes, foi fundada a 31 de maio de 1881, em Ciempozuelos – Espanha, por S. Bento Menni, e chegou a Portugal em 1894.

CB/PR

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