Santo Cristo: Bispo de Angra desafia jovens a participar na renovação da Igreja

D. Armando Esteves uniu-se às críticas do Papa, após aprovação da lei da eutanásia 

Foto: Lusa

Ponta Delgada, Açores, 13 mai 2023 (Ecclesia) – O bispo de Angra desafiou hoje os jovens que participam nas festas do Senhor Santo Cristo, na cidade açoriana de Ponta Delgada, a participar na renovação da Igreja.

“Precisamos de um olhar jovem e católico sobre a Igreja e o mundo que nos obriguem à renovação de métodos e estilos. Precisamos de jovens com um olhar mais evangélico sobre os caminhos do diálogo e da paz; de jovens que tenham a fraternidade universal como bandeira”, disse D. Armando Esteves aos milhares de fiéis que cumpriram promessas, participando na denominada ‘Procissão da Mudança’.

Este sábado, os peregrinos celebraram a mudança da imagem do Santo Cristo do Convento da Esperança para o Santuário, no Campo de São Francisco.

O bispo de Angra, que preside a esta festa pela primeira vez, destacou o tema escolhido para a celebração de 2023, ‘Jovem, Eu te ordeno: levanta-te’, colocando-o em ligação com a JMJ Lisboa 2023 e o atual contexto de guerra.

“Rezemos para que a maior concentração de jovens no pós-pandemia, em Lisboa, traga de facto uma esperança renovada ao mundo”, apelou, numa homilia enviada à Agência ECCLESIA.

Encerrado no coro baixo do Convento ao longo de todo o ano, o Santo Cristo – uma imagem do “Ecce Hommo”, com mais de 400 anos, oferecida às freiras clarissas pelo papa Paulo III – sai à rua apenas no Domingo VI da Páscoa do calendário católico.

D. Armando Esteves evocou os ‘Ecce homo’ da atualidade, afirmando que “Jesus está em agonia até ao fim do mundo em cada homem ou mulher submetidos aos mesmos tormentos que Ele”.

“Fala-se frequentemente das feridas sociais, coletivas: a fome, a pobreza, a injustiça, a exploração dos mais fracos – embora nunca o suficiente –, mas corre-se o risco de se tornarem abstrações. Categorias, não pessoas”, advertiu.

Este lugar do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres é, antes de tudo, um lugar de oração e de espiritualidade, espaço de encontro com a misericórdia de Deus e o Seu perdão, lugar de vida que se levanta, vida ressuscitada.

Numa passagem improvisada da sua homilia citada pelo portal ‘Igreja Açores,’, o Bispo de Angra associou-se à “tristeza do Papa esta manhã, quando lamentava que, na terra onde Nossa Senhora apareceu, se tivesse aprovado a lei da Eutanásia”

“Fátima e o Santuário do Senhor Santo Cristo estão muito unidos: na primeira aparição de Nossa Senhora, em maio de 1917 também aqui se realizava esta festa. Hoje poderia ser o dia do abraço da mãe ao filho e o abraço de ambos a todos os que sofrem e que têm dores”, acrescentou.

Antes da mudança da imagem, centenas de peregrinos percorrem de joelhos o tapete de promessas em torno do Campo de São Francisco.

Alguns dos fiéis, homens e mulheres, optam por cumprir a promessa sozinhos, mas outros, carregando molhos de círios (velas), fazem o trajeto acompanhados por familiares ou por amigos, que caminham ao seu lado.

Uma das novidades do programa religioso deste ano é a Eucaristia da próxima meia-noite, presidida pelo bispo de Angra, especialmente dedicada à Juventude, com um coro próprio e a participação de jovens de toda a ilha que, depois, animam a vigília, com o responsável pela pastoral juvenil diocesana, até às 03h00 da manhã.

Este domingo, dia maior da festa, é celebrada a Missa Campal da festa do Senhor Santo Cristo, cuja imagem vai percorrer esta tarde as ruas da cidade de Ponta Delgada, ao longo de várias horas, numa tradição secular na região.

O percurso passa pelos antigos conventos da cidade e algumas igrejas paroquiais, percorrendo ruas cobertas de tapetes de flores; em 2023, a imagem sai à rua com uma capa oferecida pela Irmandade do Senhor Santo Cristo de Brampton, no Canadá.

As Festas do Senhor Santo Cristo mobilizam milhares de pessoas, entre micaelenses, emigrantes e devotos do resto da região e do país.

A imagem foi oferecida por Paulo III (Papa entre 1534 e 1549) ao primeiro grupo de religiosas Clarissas que quis fundar um convento em São Miguel, tendo-se deslocado a Roma para pedir a respetiva autorização.

OC

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