S. Paulo: um desestabilizador e inquietador de consciências

 

Lisboa, 06 mai 2011 (Ecclesia) – O apóstolo Paulo “sempre foi um desestabilizador e inquietador de consciências, mas ao mesmo tempo um homem que fundamentava e fundava tudo em Jesus Cristo” – afirmou ao ECCLESIA D. António Couto na apresentação da nova obra do biblista Joaquim Carreira das Neves.
Intitulada «São Paulo – Dois mil anos depois», a obra foi apresentada esta quinta-feira na Universidade Católica Portuguesa (UCP) em Lisboa pelo bispo auxiliar de Braga.
Um livro que convida o leitor a abandonar “preconceitos” e ressituar o “cristianismo paulino” no real Paulo das suas cartas.
Segundo o D. António Couto – também é biblista – S. Paulo “coloca as coisas na rota do essencial”.
Desde “há muito tempo” que estudiosos desta área do saber defendem que S. Paulo foi “extraordinário e se serviu – basta ler a Carta aos Romanos – de inúmeras mulheres evangelizadoras” – refere D. António Couto que acrescenta: hoje mais do que nunca começa a vir ao cimo o papel da mulher na evangelização”.
Após mais de uma dezena de livros escritos sobre Teologia Bíblica, Carreira das Neves apresenta um “estudo académico” sobre a figura de são Paulo, porque é uma figura que “inquieta” e questiona as Igrejas cristãs, nomeadamente as que se foram alicerçando mais nos escritos paulinos no que nos evangelhos.
Para o bispo auxiliar de Braga, S. Paulo pode ser visto como o “primeiro homem” que foi capaz de ver que a “mulher tem um lugar imprescindível na evangelização”.
Nas 270 páginas deste livro, editado pela Editorial Presença, Carreira das Neves estuda, entre outras “questões paulinas”, as que falam de são Paulo como um misógino, um apóstolo “desfavorável em relação às mulheres.
Neste capítulo, onde Joaquim Carreira das Neves estuda as referências paulinas às mulheres, investiga também as consequências de muitas das suas afirmações no desenvolvimento da teologia católica, nomeadamente na que se refere aos ministérios ordenados.
Com esta certeza, Joaquim Carreira das Neves diz que a reflexão e o questionamento atual sobre o “ministério das mulheres” é um “assunto complexo”, a entender sempre a partir de dados culturais”.
“Sem dúvida que o protestantismo de Lutero e Calvino ganham maiores raízes nas cartas de Paulo que nos quatro evangelhos canónicos. No processo do nosso estudo, este assunto aparece e reaparece com frequência. Mas é chegado o tempo de todas as igrejas cristãs abandonarem preconceitos para se ressituarem num Cristiano paulino de acordo com o real Paulo das suas Cartas”, escreve Joaquim Carreira das Neves na apresentação desta obra.
O ecumenismo está patente nos escritos Paulinos, a tese de vida de S. Paulo reside na máxima: “todos fundados em Jesus Cristo” – frisou D. António Couto.
Através da análise a diferentes excertos das cartas paulinas onde o assunto é tratado, o autor conclui que, apesar de ambiguidades a que alguns textos se prestam, considerar que o apóstolo dos gentios defende a submissão da mulher ao homem de acordo com a cultura patriarcal do Antigo Testamento é “não entender Paulo”.
Para o autor deste livro sobre são Paulo, é necessário distinguir entre as “comunidades de Paulo” e “as comunidades hierárquicas das Cartas Pastorais e muitas outras”, que “nada têm a ver” com as primeiras, quando se procura fundamentar a doutrina católica ao longo dos séculos nos textos paulinos.
Jubilado desde 2005 na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, Joaquim Carreira das Neves nasceu em Leiria, em 1934, tendo sido ordenado sacerdote nos frades franciscanos em 1958.
Frequentou a Pontifícia Universidade Antonianum, o Pontifício Instituto Bíblico de Roma e o Instituto Bíblico da Flagelação em Jerusalém, tendo defendido a sua tese de doutoramento na Pontifícia Universidade de Salamanca, sobre a Teologia na tradução grega dos setenta, no Livro de Isaías, em 1967.
PR/OC/LFS

Lisboa, 06 mai 2011 (Ecclesia) – O apóstolo Paulo “sempre foi um desestabilizador e inquietador de consciências, mas ao mesmo tempo um homem que fundamentava e fundava tudo em Jesus Cristo” – afirmou ao ECCLESIA D. António Couto na apresentação da nova obra do biblista Joaquim Carreira das Neves.

Intitulada «São Paulo – Dois mil anos depois», a obra foi apresentada esta quinta-feira na Universidade Católica Portuguesa (UCP) em Lisboa pelo bispo auxiliar de Braga.

Um livro que convida o leitor a abandonar “preconceitos” e ressituar o “cristianismo paulino” no real Paulo das suas cartas.

Segundo o D. António Couto – também é biblista – S. Paulo “coloca as coisas na rota do essencial”.

Desde “há muito tempo” que estudiosos desta área do saber defendem que S. Paulo foi “extraordinário e se serviu – basta ler a Carta aos Romanos – de inúmeras mulheres evangelizadoras” – refere D. António Couto que acrescenta: hoje mais do que nunca começa a vir ao cimo o papel da mulher na evangelização”.

Após mais de uma dezena de livros escritos sobre Teologia Bíblica, Carreira das Neves apresenta um “estudo académico” sobre a figura de são Paulo, porque é uma figura que “inquieta” e questiona as Igrejas cristãs, nomeadamente as que se foram alicerçando mais nos escritos paulinos no que nos evangelhos.

Para o bispo auxiliar de Braga, S. Paulo pode ser visto como o “primeiro homem” que foi capaz de ver que a “mulher tem um lugar imprescindível na evangelização”.

Nas 270 páginas deste livro, editado pela Editorial Presença, Carreira das Neves estuda, entre outras “questões paulinas”, as que falam de são Paulo como um misógino, um apóstolo “desfavorável em relação às mulheres.

Neste capítulo, onde Joaquim Carreira das Neves estuda as referências paulinas às mulheres, investiga também as consequências de muitas das suas afirmações no desenvolvimento da teologia católica, nomeadamente na que se refere aos ministérios ordenados.

Com esta certeza, Joaquim Carreira das Neves diz que a reflexão e o questionamento atual sobre o “ministério das mulheres” é um “assunto complexo”, a entender sempre a partir de dados culturais”.

“Sem dúvida que o protestantismo de Lutero e Calvino ganham maiores raízes nas cartas de Paulo que nos quatro evangelhos canónicos. No processo do nosso estudo, este assunto aparece e reaparece com frequência. Mas é chegado o tempo de todas as igrejas cristãs abandonarem preconceitos para se ressituarem num Cristiano paulino de acordo com o real Paulo das suas Cartas”, escreve Joaquim Carreira das Neves na apresentação desta obra.

O ecumenismo está patente nos escritos Paulinos, a tese de vida de S. Paulo reside na máxima: “todos fundados em Jesus Cristo” – frisou D. António Couto.

Através da análise a diferentes excertos das cartas paulinas onde o assunto é tratado, o autor conclui que, apesar de ambiguidades a que alguns textos se prestam, considerar que o apóstolo dos gentios defende a submissão da mulher ao homem de acordo com a cultura patriarcal do Antigo Testamento é “não entender Paulo”.

Para o autor deste livro sobre são Paulo, é necessário distinguir entre as “comunidades de Paulo” e “as comunidades hierárquicas das Cartas Pastorais e muitas outras”, que “nada têm a ver” com as primeiras, quando se procura fundamentar a doutrina católica ao longo dos séculos nos textos paulinos.

Jubilado desde 2005 na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, Joaquim Carreira das Neves nasceu em Leiria, em 1934, tendo sido ordenado sacerdote nos frades franciscanos em 1958.

Frequentou a Pontifícia Universidade Antonianum, o Pontifício Instituto Bíblico de Roma e o Instituto Bíblico da Flagelação em Jerusalém, tendo defendido a sua tese de doutoramento na Pontifícia Universidade de Salamanca, sobre a Teologia na tradução grega dos setenta, no Livro de Isaías, em 1967.

PR/OC/LFS

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