Renúncia quaresmal no Algarve ajuda paróquia da Pedra Mourinha

As renúncias quaresmais dos cristãos algarvios destinam-se este ano para ajudar na construção do futuro complexo paroquial do vicariato do Sagrado Coração de Jesus, na Pedra Mourinha, em Portimão. Aquela comunidade assistiu nos últimos 20 anos, particularmente na última década, ao incomensurável crescimento do aglomerado populacional que a constitui, de tal forma que hoje comporta cerca de 10 mil pessoas que habitam os muitos bairros construídos nos últimos anos. Presentemente bem pode dizer-se que a Pedra Mourinha é uma nova ‘cidade’ dentro da cidade portimonense e a concretização do futuro espaço paroquial será certamente o primeiro passo para que o vicariato passe a paróquia e posteriormente seja criada uma segunda freguesia em toda a cidade de Portimão, aspiração também bem aceite entre os habitantes da área. Há cerca de 22 anos, os cristãos da Pedra Mourinha começavam a reunir-se na escola primária local que depois, com a adesão dos fiéis, se tornou pequena e foi preciso passar para o salão, cedido gratuitamente até hoje pela CHE – Cooperativa de Habitação de Vale de Lagar. A obra tão aguardada por aquela comunidade, em curso desde Março do ano passado, contemplará, no rés-do-chão, 8 salas de catequese, um salão para 500 pessoas, uma capela mortuária, um gabinete para o pároco, para além de um T2 com cozinha, sala de estar e biblioteca. No piso superior, com acesso através de escadaria e elevadores, será edificada a nova igreja com capacidade para 600 pessoas sentadas, o triplo da lotação que comporta o salão da cooperativa. No exterior ficará com estacionamento para 80 viaturas. A construção ocupa uma área total de 1630 metros quadrados num terreno de 4000 metros quadrados, vendido a valor simbólico pela Câmara de Portimão, que ofereceu ainda o projecto de arquitectura e o trabalho de máquinas para terraplanagem. O actual pároco do vicariato, o padre Manuel Leitão Marques, explica a razão de tanta espera pela cons-trução da nova igreja. “Houve sucessivas alterações ao projecto”, constata, lembrando também que, em 2001, a sua entrada na comunidade, substituindo o então pároco, o padre Manuel Condeço, que iniciou os trabalhos, também acabou por obrigar a um reconhecimento do projecto. Por outro lado, explica o sacerdote, “houve a preocupação de fazer um projecto que respondesse não só às necessidades actuais, mas fosse igualmente resposta para um futuro próximo”. A obra chegou inicialmente a estar prevista para a zona do Cabeço do Mocho, junto da linha-férrea, hipótese que não vingou devido ao terreno ser íngreme e de espaço reduzido. Actualmente avança em Vale de Lagar, um sítio central na Pedra Mourinha que o pároco considera “óptimo”. O padre Leitão Marques, lembrando as mais de duas décadas de espera pelo novo templo, reconhece que “os paroquianos quase se desmotivavam”. “Agora estão motivados porque já vêem que isto está a andar”, testemunha, garantindo que “têm aparecido pessoas a voluntariar-se para ajudar no que for necessário e até a contribuição monetária tem sido boa”. “Acho que isto tem servido também de incentivo para as pessoas se sentirem mais mobilizadas a colaborar na paróquia”, conclui. Visivelmente entusiasmado, o prior mostra-se determinado a utilizar a construção tão breve quanto possível. “A bênção dos Ramos já queremos fazê-la aqui e assim que estiverem erguidas e rebocadas as paredes do rés-do-chão, passamos a celebrar aqui”, concretiza. O sacerdote assegura que ainda “há verba para fechar o primeiro piso” e lembra que até ao momento foram já gastos com a criação dos alicerces e da estrutura do andar térreo cerca de 147 mil euros, dos quais só 27 mil euros se referem ao IVA. “Há algumas promessas de apoios de entidades oficiais e de particulares”, confessa. A propósito da decisão da renúncia quaresmal contribuir para o complexo do vicariato, o padre Leitão Marques lembra que “a caridade começa em casa”, mostrando esperança de que os algarvios sejam generosos. A licença de construção da obra estende-se até Março de 2010. “Alguns já tinham perdido as esperanças” Jorge Reis é membro do Conselho Económico do vicariato do Sagrado Coração de Jesus, veio morar para a Pedra Mourinha há 22 anos e confirma que entretanto houve algumas pessoas que desmobilizaram. “Alguns já tinham perdido as esperanças”, refere, acrescentando que as pessoas agora estão “felizes e contentes”. “Estou convencido que quando isto estiver feito aparecem aqui na Eucaristia o dobro ou o triplo das pessoas”, afirma, constatando uma realidade. “Há muita gente que não vem aqui à Missa porque diz que isto aqui não tem igreja”, assegura, considerando que “a maior parte da população da Pedra Mourinha frequenta as paróquias da matriz, Nossa Senhora do Amparo ou Alvor (Penina)”. Todas as semanas, para celebrar Eucaristia no salão da cooperativa, é preciso montar o altar, colocar e arrumar as cadeiras, pois o salão serve para outras actividades durante a semana, tais como caraté, ensaios e reuniões da cooperativa. Ao sábado cerca de 130 crianças têm também ali as suas sessões de catequese, feitas ao longo do dia.

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