Portugal: Pobreza permanece associada a ciclos económicos

Cáritas de Angra promoveu debate com Fundação Francisco Manuel dos Santos

Angra do Heroísmo, Açores, 06 mai 2021 (Ecclesia) – O coordenador do estudo “A Pobreza em Portugal, Trajetos e Quotidianos” disse esta quarta-feira, num encontro promovido pela Cáritas Diocesana de Angra, Açores, que a taxa de pobreza em Portugal “está muito associada” aos ciclos económicos.

A pobreza em Portugal “é una” porque inclui um conjunto de indivíduos que “tem em comum” essa condição socioeconómica, mas está “muito associada” aos ciclos da economia, realçou Fernando Diogo, que coordenou este estudo promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).

Compreender “a diversidade da pobreza, conhecer as trajetórias da população pobre e perceber de forma aprofundada como vivem” foram objetivos que nortearam a realização deste estudo.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) “17,2% da população em Portugal encontrava-se em risco de pobreza em 2018” e este valor “condensa as vidas de mais de 1,7 milhões de pessoas”.

O estudo parte da questão “quem são e como vivem os pobres em Portugal?”, mas exige respostas diversas e complexas, frisou Fernando Diogo.

“Cada situação é única, vivida no singular e no seio de um contexto social e de uma família concreta”, acrescentou.

Na sua apresentação, o coordenador disse que a pobreza está muito relacionada com a realidade do desemprego, doença e o divórcio.

A pandemia “não traz muito de novo à pobreza”, mas leva ao “agravamento das situações”, afirmou o coordenador do estudo.

A pandemia e as suas consequências “estão já a ter um efeito na pobreza em Portugal, intensificando-a e aumentando o número de pessoas nessa situação” e a “inexistência de uma solução rápida levará, necessariamente, ao agravamento do problema”.

Ao Estado compete, em cooperação com outros atores institucionais, gerir “as inúmeras solicitações que lhe são feitas”, mobilizando recursos para os indivíduos “mais vulneráveis, de forma a tentar reduzir a intensidade da pobreza; minimizar a probabilidade de os indivíduos nela caírem; e criar condições para que os pobres possam deixar de o ser o mais depressa possível”

Nuno Alves, da direção da Cáritas Portuguesa e diretor do Centro de Estudos Económicos do Banco de Portugal, referiu no debate que o estudo é “um excelente contributo” para conhecer a realidade da pobreza em Portugal.

“Não é apenas mais um contributo, mas este vai marcar o futuro porque é um livro de referência”, adiantou.

A Cáritas Diocesana de Angra (Açores) promoveu o debate como oportunidade para uma reflexão sobre a pobreza em Portugal, “feita a partir dos resultados do estudo apresentado pela FFMS, com o entendimento e a experiência da rede nacional Cáritas”.

LFS/OC

«Combate à pobreza é um desígnio nacional, e de todos» – Edmundo Martinho

 

 

 

 

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