Portugal: Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos alerta para «abismo» dos «sem-abrigo»

Francisco Monteiro denuncia problema do acesso à habitação nesta comunidade

Foto: Lusa

Lisboa, 13 jan 2022 (Ecclesia) – A Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC), organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, alertou para o “abismo” que está na “miséria absoluta” dos sem-abrigo desta comunidade, exemplificando com “nómadas compulsivos” em Évora a quem é negado o acesso à habitação.

“Apesar de terem todos os seus laços sociais institucionais – escolas, saúde, segurança social – em  Évora, donde são naturais, é-lhes negado por este município o direito e inscrever-se na lista de futuros potenciais candidatos a uma habitação condigna, porque ‘não são de cá’”, explica o diretor-executivo da ONPC.

Francisco Monteiro, na primeira página da mais recente edição do jornal ‘Caravana’, publicou a fotografia de uma barraca de “ciganos nómadas compulsivos” nos arredores de Évora, assinalando que “são periódica e sistematicamente escorraçados de município em município”, como se não tivessem direito a viver, “a ser portugueses, a ter direitos sequer”.

“O abismo está na miséria absoluta destes sem abrigo, não por pobreza apenas, mas por uma intencional exclusão étnica”, desenvolve o diretor-executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos.

No editorial do jornal ‘Caravana’, Francisco Monteiro considera, “e ainda bem”, que se fossem imigrantes, refugiados, o enquadramento, as simpatias, os apoios oficiais, políticos e, “sobretudo, factuais seriam completamente outros”.

O responsável da ONPC realça que o abismo é o “menosprezo” de mais de uma centena de portugueses, e lamenta a lentidão, as hesitações, as elucubrações políticas, técnicas, legislativas, estratégicas ou de imagem cujos resultados são “a continuação por décadas do sofrimento, da miséria, da injustiça, da exclusão”.

No âmbito do movimento de realojamento de milhares de pessoas em Portugal pondo fim às barracas, Francisco Monteiro recorda também que uma Câmara Municipal “decidiu realojar os ciganos” na mesma cidade e a isso chama-se “decisão, consciência social”, e questiona para quando essa forma de “governar a nível nacional, regional e local”.

O jornal ‘Caravana’, da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, também refere “excelentes iniciativas” da União Europeia, através da Agência para os Direitos Fundamentais (FRA), iniciativas do Papa Francisco, “excelentes exemplos” do Município de Mourão, e “casos de sucesso” na comunidade cigana e a Associação TECHARI.

CB/OC

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