Pobreza: Portugueses devem ser «audaciosos» na construção do bem-comum – Padre Jardim Moreira (c/vídeo)

Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal organiza congresso nacional e pede implementação local da Estratégia Nacional e «responsabilidade partilhada» na transferência de competências para as autarquias

Lisboa, 28 abr 2022 (Ecclesia) – O padre Jardim Moreira apelou hoje aos portugueses para que assumam “com coragem” a luta pelo bem-comum e pediu que a transferência de competências do poder central para as autarquias seja feito com “transparência e corresponsabilidade”.

“É necessário transparência, boa fé assumida e responsabilidade de construir uma sociedade justa, equitativa e fraterna. Se falamos que queremos uma sociedade igual e fraterna, a fraternidade tem estado muito ausente, na linguagem portuguesa. A fraternidade é independente da confissão religiosa professada. A fraternidade humana tem de ser construída entre todos, alicerçada no bem-comum”, explicou à Agência ECCLESIA o presidente da Direção da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP) Portugal, que organiza, a partir do dia 30, um congresso nacional, dividido em quatro seminários, com o objetivo de dialogar sobre a pobreza.

“Vemos o descredito das populações nos partidos e políticas porque cada um pensa mais em si do que nos outros, quando a função é servir a sociedade civil e o bem-comum, a começar pelos mais pobres, os que são vitimas dos erros de uma sociedade ou das suas estruturas económicas e sociais”, acrescentou.

O congresso «Diálogos sobre a pobreza» vai acontecer nas cidades do Porto, Aveiro, Braga e Lisboa, com o objetivo de mostrar contextos do fenómeno.

“A pobreza tem causas pluridimensionais e devem ser tratadas persi de modo que possamos concluir sobre propostas e soluções, para apresentar às entidades superiores e a todos os que são atores interventivos na ação social em Portugal. Achamos que não devíamos perder esta oportunidade, juntamente com as transferências das competências do poder central para as autarquias, uma vez que as câmaras e as juntas, juntamente com as IPSS, têm um papel fundamental na aplicação da estratégia em Portugal”, sublinha.

O padre Jardim Moreira lembra que com a aprovação da Estratégia Nacional contra a Pobreza importa coloca-la no terreno, com todos os parceiros que ajudem a combater o numero que persiste na sociedade portuguesa: 20% de pobres.

“A pobreza não é um problema dos pobres, mas sim dos que geram a pobreza e a exclusão, ou seja, é de todos. Se queremos uma sociedade democrática, socialmente humanista e corresponsável e integrada, temos de dar o nosso contributo para a constituição deste movimento onde ninguém fique para trás”, incita.

O responsável indica que a transferência de competências tem de ser acompanhada de responsabilidade partilhada, caso contrário, não irá operar mudanças.

“Depende se trabalhamos em rede ou não. Tem de haver um trabalho articulado entre todos, assumindo responsabilidade, sem pensar que a transferência de competências seja negativa – ela é positiva – mas não pode ser o atribuir responsabilidades a terceiros, tem de ser o assumir de forma participativa todas as entidades no terreno e presentes na capacidade de proximidade de conhecer e responder às necessidades”, esclarece.

O presidente da REAP lamenta que os “pobres”, em Portugal, não tenham vivido o seu “25 de abril” porque “continuam a ser pobres e a viver na exclusão”.

“Continuamos a ter uma percentagem de 20% a viver na pobreza e exclusão e isso não incomoda a cultura, a política portuguesa de modo geral. Aceita-se isto como se fosse uma herança a manter e não como algo a eliminar. É preciso mudar a cultura, a mentalidade e o mais difícil é mudar a mentalidade portuguesa: que pensam que os pobres são culpados da sua situação, quando são apenas as vitimas”, lamenta.

O Congresso Nacional, com início no dia 30, no Porto, vai deslocar-se no dia 14 de maio para Aveiro, seguindo depois para Braga a 28 de maio, e conclui-se a 3 de junho, em Lisboa.

HM/LS

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