Paulo de Tarso: Primeiro autor cristão inspira o cristianismo a «explicar-se» na atualidade

Cardeal Tolentino Mendonça publica «Metamorfose Necessária. Reler São Paulo», um livro sobre um «autor do futuro»

Foto Arlindo Homem/AE

Lisboa, 09 dez 2022 (Ecclesia) – O cardeal Tolentino Mendonça afirmou na apresentação do seu livro ‘Metamorfose Necessária. Reler São Paulo’ que há um interesse generalizado por Paulo de Tarso na contemporaneidade, que inspira o cristianismo ao “gesto cultural” de se explicar na atualidade.

“O cristianismo deixou de ser uma coisa óbvia”, afirmou o prefeito do Dicastério para a Cultura e para a Educação na Fundação Calouste Gulbenkian, onde decorreu a sessão de apresentação do seu mais recente livro, feita por Ângela Barreto Xavier, Teresa Bartolomei e António Feijó.

Para D. José Tolentino Mendonça, São Paulo é desconhecido “fora de portas e também dentro de portas” e é necessário fazer um “trabalho de aprofundamento” da literatura do “primeiro autor cristão”, porque foi o “primeiro intérprete” da mensagem de Jesus de Nazaré, colocando-a nos ambientes “cultos e civis” greco-romano de então, e porque é “decisivo para a redescoberta do que é hoje o cristianismo”.

“Um grande desafio que se coloca hoje ao cristianismo é explicar-se, é dizer-se e ele próprio, fazer esse movimento interno de releitura e reapresentação da quilo que é”, afirmou o cardeal madeirense, considerando que “esse é um gesto cultural que hoje constitui um dos grandes desafios que é colocado ao cristianismo”.

Para o cardeal Tolentino Mendonça, os “textos de Paulo são textos do futuro” e, com a obra ‘Metamorfose Necessária. Reler São Paulo’ quis responder ao “interesse por Paulo que marca a contemporaneidade”.

Ângela Barreto Xavier apresentou a obra do cardeal Tolentino Mendonça num estilo epistolar, com uma carta dirigida ao “amigo Tolentino”, escrita após ter terminado a leitura da obra.

Para a historiadora, o livro sobre de D. José Tolentino Mendonça “contraria a imagem de São Paulo institucional, machista, autoritário e de dedo em riste” e mostra que “não há contradição entre Paulo e Jesus”.

Ângela Barreto Xavier disse que a obra ‘Metamorfose Necessária’ fez com passasse de “antipaulina a amiga de Paulo” e mostra que “a revolução instaurada por Cristo tem continuidade em São Paulo”, marcada pela “aprendizagem constante da esperança”.

Foto Arlindo Homem/AE

Teresa Bartolomei considera que “a Teologia de Paulo é o mapa do futuro não só da Igreja, mas da sociedade”, tendo por referências essenciais a fraternidade e a esperança.

Para a teóloga, a construção da fraternidade implica “estar dentro da sociedade” e ter uma participação política distante da “luta pelo poder”.

Teresa Bartolomei sublinha que São Paulo é “mestiço do ponto de vista cultural” e a sua comunidade “é universalizadora porque desativa as diferenças” e desafia cada um a pensar-se como “fator de comunhão”, construindo assim comunidade.

O presidente da Fundação Calouste Gulbenkian considera que o livro do cardeal Tolentino Mendonça “pretende transpor a cerca confessional”, tem o propósito de “tornar São Paulo conversável” e é um convite viver a “esperança humilde, depurada, crucificada”.

“A posteridade de Paulo é sem fim”, afirmou António Feijó no encerramento da sessão de apresentação do livro ‘Metamorfose Necessária. Reler São Paulo’, editado pela Quetzal Editores.

PR

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