Pagar a horas: Fazer Portugal crescer

Um problema «demasiado grave e persistente» para ser resolvido com «falinhas mansas», considera o presidente da ACEGE.

Lisboa, 30 out 2013 (Ecclesia) – A Associação Cristã de Empresários e Gestores apresentou hoje, em Lisboa, a iniciativa “Pagar a horas: Fazer Portugal crescer”, baseada num estudo sobre o incumprimento nos prazos de pagamentos das empresas.

“O problema é demasiado grave e demasiado persistente para irmos lá com “falinhas mansas”, tem uma consequência social devastadora em termos de emprego, coloca milhares de pessoas no desemprego e por isso é preciso parar com esta cadeia de destruição por causa dos efeitos humanitários que ela tem”, afirmou o presidente da ACEGE, António Pinto Leite em declarações à agência ECCLESIA.

“A distribuição de emprego que resulta do facto das empresas não pagarem a horas umas às outras é frágil, um estudo do professor Augusto Mateus conclui que 14 mil postos de trabalho são perdidos por ano devido a isso” avançou o presidente da ACEGE.

A iniciativa “Pagar a horas: Fazer Portugal crescer” que a ACEGE promove em parceria com a Confederação Empresarial de Portugal e o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, pretende chamar a atenção das empresas portuguesas para a importância de cumprir os prazos de pagamento, dado que estas “ganharam o péssimo hábito, inspirados pelo Estado se calhar, de não pagar a horas entre si, nós temos de pagar a 30 dias, no máximo a 60 dias”, refere António Pinto Leite.

Cumprir estes prazos torna-se ainda mais imperativo em tempos de crise, cabe aos empresários ter uma responsabilidade social e ter “consciência de que há pessoas a sofrer do outro lado da rua e temos de estar atentos a elas”, defendeu.

O despedimento de efetivos empresariais é a grande preocupação da ACEGE que neste momento estima que estejam “800 mil pessoas desempregadas no setor privado”, uma situação que para ser revertida é necessário que o “despedimento seja utilizado como último recurso, mesmo que isso implique alguma margem de ineficiência ou perda de oportunidade”, alerta António Pinto Leite.

As pequenas e médias empresas são das que mais sofrem com os atrasos nos pagamentos, “cerca de metade das pequenas e médias empresas têm dificuldades de tesouraria, não contratam novos colaboradores e têm adiado novos investimentos, sendo que 20 por cento diz mesmo ter sido necessário o despedimento de efetivos para fazer face à falta de entrada de capital proveniente desses pagamentos em atraso”, explicou aos jornalistas Augusto Mateus, autor do estudo “A crise e a sustentabilidade das PME´s”.

“Um problema gravíssimo que tem raízes profundas na sociedade portuguesa, é uma cultura de não pagamento a tempo e horas que tem um impato grave quer a nível do PIB, quer a nível do emprego e isto é um ciclo vicioso” alerta o presidente do IAPMEI , Luís Filipe Costas, em declarações à agência ECCLESIA à margem da apresentação da iniciativa “Pagar a horas: Fazer crescer Portugal”.

“Desde a primeira hora que nos associamos a este evento porque não ser feito o pagamento a tempo e horas tem efeito no PIB, no emprego e na concorrência desleal e este é um efeito multiplicador”, algo que tem de ser revertido com “uma atitude responsável, com ética nos negócios, porque ser empresário é também isso, honrar compromissos”, defendeu António Saraiva, presidente da CIP em declarações à agência ECCLESIA.

A apresentação da iniciativa “Pagar a horas: fazer Portugal crescer” teve lugar esta quarta-feira no auditório João Morais Leitão na Rua Castilho, em Lisboa e contou com intervenções dos presidentes da CIP, IAPMEI e ACEGE e dos bastonários das ordens dos Engenheiros, Economistas, ROC e TOC.

MD/LFS

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