«Água – um desafio sem espaço nem tempo» é o título da obra coordenada Xavier Malcata e dada à estampa pela Universidade Católica Editora. Divagar, de forma coesa e lógica, sobre um tal ente emerge por isso como um desafio motivador. Porém, uma dissertação sobre a água não poderia limitar-se à constatação da natureza material daquela substância, sob pena de tal abordagem reducionista coarctar deliberadamente a abrangência do conceito e a importância do efeito.
Este estudo abrange várias áreas do saber: «A água e a arquitectura»; «A água e o direito»; «A água e a ética»; «A água e a arte»; «A água e a religião»; «A água e a música» e «A água e a história» são alguns capítulos deste livro que poderia chamar-se «Regresso ao Planeta Água», pois aquilo que uma notável equipa de docentes e investigadores da UCP aqui realiza, mais do que uma abordagem interdisciplinar do tema da água, é uma conseguida tentativa de fazer ecoar, através do pensamento, a complexidade – mas também o milagre – da água, sob todas formas e manifestações.
Quando em Copenhaga se realiza a cimeira sobre as alterações climáticas, este compêndio elucida o leitor sobre os desafios deste bem essencial. Um desafio que, se não for vencido, nos deixará sem espaço e sem tempo. Importa despertar consciências para as ameaças e perturbações, e os limites e os condicionalismos que os dias de hoje colocam à suficiência da água.
Na reflexão sobre a água no mundo bíblico, José Carlos Carvalho sublinha que o precioso líquido está presente ao longo da história do povo bíblico, desde os tempos genesíacos até ao final apocalíptico. No mundo do Novo Testamento, as personagens vivem e giram no meio de muita água, à volta das águas do Jordão, Mediterrâneo, Tiberíades. No Novo Testamento, a água constitui o espaço, o ambiente do rito iniciático do baptismo. Na linguagem sacramental, a água baptismal é o símbolo pelo qual o catecúmeno fica para sempre «selado» com o selo do Espírito Santo, passando à condição de neófito. Esta água lustral imprime carácter.