Ódio e fanatismo são contra a fé e a razão

Mais de 300 mil pessoas com o Papa em Regensburg O quarto dia da visita pontifícia à Alemanha passa, simbolicamente, pela cidade onde Joseph Ratzinger foi professor de Teologia. Mais de 300 mil pessoas reuniram-se em Regensburg para ouvir o actual Papa, visivelmente emocionado, dar mais uma “aula” sobre a relação entre fé e razão, falando das raízes do Cristianismo, do “rosto humano de Deus” e da origem do universo. Num momento em que o mundo vive debaixo das sombras do terrorismo e do fundamentalismo religioso, Bento XVI criticou “a destruição da imagem de Deus, por causa do ódio e do fanatismo”. Na Missa celebrada esta manhã, na esplanada do Islinger Feld, o Papa apontou o dedo às “patologias da religião e da razão”, sublinhando que a resposta a estes perigos está na “profissão” de fé no rosto humano do Deus cristão. Mais uma vez, a multidão foi confrontada com a pergunta “em que Deus acreditamos?”. Para o “seu” Papa, a resposta é simples, porque a fé é “simples, não uma teoria”: “Deus assumiu um rosto humano, ama-nos até ao ponto de deixar-se crucificar para carregar os sofrimentos da humanidade até ao coração de Deus”. Hoje, que conhecemos as patologias e doenças mortais da religião e da razão e as destruições da imagem de Deus por causa do ódio e do fanatismo, é importante dizer com clareza em que Deus acreditamos e professar com convicção o rosto humano de Deus”, afirmou. “Só este nos liberta do medo de Deus, um sentimento do qual, sem dúvida, nasce o ateísmo moderno. Só este Deus nos salva do medo de mundo e da angústia perante o vazio da própria existência”, concluiu. Os cristãos acreditam “num Deus que entra em relação connosco, seres humanos, que é a nossa origem e destino”. “A fé é sempre esperança, é certeza de que nós temos um futuro e não cairemos no vazio. E a fé é amor, porque o amor de Deus quer contagiar-nos”, acrescentou, repetindo o lema da sua viagem à Baviera: “quem acredita nunca está só”. Críticas à explicação do mundo sem Deus Uma semana depois do encontro, em Castel Gandolfo, com os seus antigos alunos de Teologia para discutir o tema “Criação e Evolução”, Bento XVI lançou duras críticas às teorias que explicam o mundo e o ser humano como frutos do acaso e em que Deus “se torna supérfluo”. “O que é que existe na origem? A razão criadora, o espírito que trabalha em todos e suscita o desenvolvimento, ou a irracionalidade que, privada de toda a razão, produz estranhamente um universo ordenado e de forma matemática, bem como o homem ou a sua razão?”, perguntou. Nesse caso, frisou o Papa, “tudo isto seria apenas o resultado fortuito da evolução e, portanto, no fundo, também uma coisa irracional”. Lembrando que desde o século das luzes se procura uma “explicação do mundo em que Deus se tornaria supérfluo”, Bento XVI constata que “essa explicação ainda não chegou, porque os cálculos não batem certo”. “Sem Deus, os cálculos sobre o homem não batem certo, os cálculos sobre o mundo, sobre todo o vasto universo não batem certo sem Ele”, prosseguiu. Na primeira parte da homilia, o Papa agradeceu de “coração” a todos quantos colaboraram para organizar o acolhimento e lembrou a sua mãe e a sua irmã, falando da celebração litúrgica do Santíssimo Nome de Maria. Esta tarde, Bento XVI encontrar-se-á com representantes da Ciência, na universidade local, e presidirá a um encontro ecuménico na Catedral da cidade.

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