Moçambique: Escolas Católicas de Portugal ajudam alunos afetados pelo Ciclone Idai

Arcebispo da Beira assinala que instituições de ensino da diocese chegam a 20 mil alunos

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Almada, 27 jan 2020 (Ecclesia) – A Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) lançou uma campanha apoio às suas congéneres de Moçambique, devastadas pelo ciclone Idai, em março de 2019, num momento em que a atenção mediática se afasta da tragédia.

D. Claudio Dalla Zuana, arcebispo da Beira, em Moçambique, acompanhou a apresentação da iniciativa em Almada (Diocese de Setúbal), este sábado, e referiu à Agência ECCLESIA que há “mais de 20 mil alunos nas escolas ligadas à diocese”.

“Demos prioridade à reconstrução das salas de aula”, explica, num momento em que ainda existem turmas de 60, 70 alunos que se sentam ao ar livre.

Além das escolas, a ajuda imediata foi canalizada para as famílias, dado que o ciclone chegou no tempo da colheita.

“Não temos nenhuma segurança alimentar, pelo que a alimentação e o acesso à água potável foi um problema, nos primeiros meses”, admite o arcebispo da Beira.

648 pessoas morreram na sequência da passagem de dois ciclones (Idai e Kenneth) em Moçambique, no ano de 2019; as catástrofes provocaram ainda elevados danos materiais.

O arcebispo da Beira recorda a onda de “solidariedade interna”, após a passagem do Idai e a presença de “havia amigos, irmãos, fora do país”, mas 10 meses depois, lamenta “alguma lentidão” nos processos de decisão, por parte do Estado.

“Há muitíssimas escolas públicas em que ainda não foi feita nenhuma obra”, exemplifica.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Segundo o arcebispo da Beira, a recuperação “levará muitos anos” e do apoio inicial “ficou pouco”, com “muitas promessas” por cumprir.

“Nestes últimos meses é raro chegar alguma ajuda. Daqui a pouco tempo é o primeiro aniversário do ciclone, talvez alguém se possa lembrar e haja uma nova fase”, assinala.

Segundo este responsável, a presença “capilar” da Igreja Católica foi uma “grande vantagem” na resposta à tragédia, que acabou por ser uma “escola de caridade”.

“A reação do povo não foi uma reação de desespero, mas foi uma reação de solidariedade”, precisou.

Já o presidente da APEC, Fernando Magalhães, saúda o “espírito solidário” dos vários colégios portugueses, revelando a vontade de “mobilizar todos os esforços”, um ano depois, para ir ao encontro das “muitas escolas que foram devastadas, de forma dramática e com consequências muito trágicas”.

“A afirmação da Escola Católica passa também por expressões como esta”, observou.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o responsável português mostrou-se preocupado com ameaças à “liberdade de educação”, que podem reduzir a frequência nos colégios e escolas católicas “a quem os possa pagar”.

“Não é para isso que existimos, não foi para isso que nascemos e não é isso que queremos ser”, aponta.

Para a recolha de donativos, a APEC abriu a seguinte conta: PT50 5340 5426 1600 7033 0016 4.

HM/OC

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