Migrações: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre atua nos países de origem para «travar» o aumento do número de migrantes (c/vídeo)

Entrevista ao secretário-geral da organização pontifícia por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, que se assinala este domingo

Lisboa, 27 set 2020 (Ecclesia) – O secretário-geral da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS), Philipp Ozores, afirmou à Agência ECCLESIA que o organismo trabalha na cooperação internacional nos países de origem de refugiados para “travar” o número dos que deixam os seus países.

“A Fundação trabalha na cooperação internacional e ajudamos muitos para que possam evitar a experiência traumática da migração, seja no Iraque, Síria ou Líbano, Burquina Faso, República Centro Africana. Há tantos países onde as pessoas pensam em emigrar, mas com certa ajuda as pessoas conseguem encontrar nova esperança e um novo modo de vida, ajuda de alimentação ou medicina, seja também com construção de casas”, explicou. 

Na entrevista à Agência ECCLESIA por ocasião do Dia Mundial do Migrante e Refugiado, que se assinala este domingo, Philipp Ozores citou ainda os lugares de fé, que são recuperados e se tornam “fontes de esperança”, indispensáveis para os cristãos que passam por situações precárias e apontou “experiências muito belas”  de cristãos que puderam recomeçar as suas vidas sem procurar “com tanto risco a felicidade incerta”.

“O refugiado é um ser humano especial, está numa situação especial mais crítica, longe das suas pátrias e famílias, sem recursos mas com grande sede de carinho, com experiências mais traumáticas, como guerras terríveis, mas também durante a fuga, temos de entender e fazer um esforço adicional com eles”, reforça.

Philipp Ozores, secretário geral da FAIS há quatro anos, já teve oportunidade de estar em vários campos de refugiados de vários países. 

“Visitar os campos de refugiados em tantos países do mundo, e esta realidade é terrível em todo o mundo, são pessoas com precariedade tão grande que têm de morar anos e anos nos campos, na Síria conheci famílias que ali viviam há nove anos, crianças que não conheciam outra realidade e isso é algo que toca muito o coração”, reconhece.

Ao visitar o campo de refugiados de Alepo, no norte da Síria, o entrevistado percebeu que “havia famílias que tinham de sobreviver com 50 euros mensais”, o que considera “impossível”.

“São experiências muito duras quando se ouve que as mães que ali conheci tinham de recorrer à prostituição para alimentar as suas crianças são tragédias que acontecem a cada dia em todo o mundo”, denuncia.

A viver na Alemanha Philipp Ozores traça ainda a realidade daquele país que recebeu “um milhão de refugiados da Síria”. 

“Foi um choque para a sociedade mas, honestamente, a grande maioria dos alemães estão de acordo, que o esforço valeu a pena porque graças à integração, mesmo no sítio onde moro, temos muitos refugiados e agora têm as crianças na mesma escola com os meus filhos e tem funcionado tudo muito bem”, refere. 

Esta entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, este domingo, pelas 06h00, ficando depois disponível online; a emissão acontece no Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados,  que a Igreja Católica celebra desde 1914, este ano com o tema “Forçados como Jesus Cristo a fugir”, escolhido pelo Papa Francisco.

SN

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