Médio Oriente: Papa condena «interesses obscuros» e «lógica das armas» que vitimam populações da Síria e Iraque

Francisco recebeu organizações católicas de solidariedade presentes no terreno

Cidade do Vaticano, 29 set 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco condenou hoje no Vaticano a violência na Síria e no Iraque, apontando o dedo a “interesses obscuros” que lucram com a manutenção dos conflitos no Médio Oriente.

“Notamos com grande tristeza que, apesar dos muitos esforços feitos em várias áreas, a lógica de armas e da opressão, os interesses obscuros e a violência continuam a causar estragos nestes países”, sublinhou, perante cerca de 40 organizações católicas de solidariedade que prestam ajuda às populações sírias e iraquianas.

Francisco sustentou que as “consequências dramáticas” desta crise humana são agora visíveis para lá dos limites da região, dando como exemplo o “grave fenómeno migratório”.

“Até agora, não temos sido capazes de acabar com o sofrimento desgastante e a violação continuada dos direitos humanos”, alertou.

12 mil agentes católicos estão presentes nas zonas do conflito, assistindo 4 milhões e meio de pessoas na Síria e Iraque.

Francisco dirigiu-se às comunidades cristãs no Médio Oriente, manifestando-lhes “admiração, reconhecimento e apoio”, em seu nome e de toda a Igreja Católica.

Antes de se despedir, o Papa confiou todos os agentes da caridade à intercessão de Santa Teresa de Calcutá.

Já esta quarta-feira, o pontífice argentino tinha apelado à proteção da população civil na cidade síria de Alepo, palco de confrontos entre as forças governamentais e movimentos rebeldes, e apontou o dedo aos responsáveis pelos bombardeamentos.

“Apelo à consciência dos responsáveis pelos bombardeamentos, que terão de prestar contas diante de Deus”, disse, no Vaticano, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência pública semanal.

O quinto encontro de organizações católicas de solidariedade sobre a crise humana na Síria e no Iraque é  promovido pelo Conselho Pontifício ‘Cor Unum’ (Santa Sé), para debater uma das “mais graves crises” das últimas décadas, informa o Vaticano.

O jornal da Santa Sé, ‘L’Osservatore Romano’, cita fontes da oposição síria para fala no risco de um “genocídio em Alepo” que atingiria cerca de 600 mil pessoas.

Os participantes no encontro promovido pelo ‘Cor Unum’ vão ouvir uma apresentação sobre a situação política e humanitária por parte dos núncios apostólicos (representantes diplomáticos do Papa na Síria e no Iraque, respetivamente D. Mario Zenari e D. Alberto Ortega.

“A rede eclesial chegou no biénio 2015-2016 a mais de 9 milhões de beneficiários, mobilizando cerca de 207 milhões de dólares no ano de 2015 e 196 milhões de dólares em 2016 [montante atualizado em julho]”, adianta a Santa Sé.

Segundo o Vaticano, há mais de 13,5 milhões de pessoas a precisar de ajuda humanitária na Síria e mais 10 milhões no Iraque.

OC

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