Matrimónio: «Hoje, o casamento é uma opção com muita convicção» – Casal responsável dos CPM

Casais do movimento reuniram-se este sábado e domingo na peregrinação dos Centros de Preparação para o Matrimónio Portugal centrada no «Caminhar com a Família Jovem»

Casal responsável nacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio
Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Fátima, 04 mar 2024 (Ecclesia) – O casal da direção nacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM) considera que, na atualidade, o matrimónio é um sacramento tomado com “muita convicção”, de “forma consciente” e livre de “pressão”.

“Antes, quem queria casar, de facto, seguia a tradição e fazia muitas vezes por pressão familiar. Hoje não. Hoje já ninguém se sente pressionado. Portanto, quando escolhem, fazem-no de forma consciente. Podem ainda andar à procura do seu norte, é verdade, mas fazem-no de uma forma mais consciente”, afirmou Susana Magalhães, em entrevista à Agência ECCLESIA.

As declarações foram feitas este sábado, em Fátima, no âmbito do encontro/peregrinação nacional da Federação Portuguesa dos CPM Portugal, que teve como tema “Caminhar com a Família Jovem – Provocação ou Vocação do CPM”.

“Embora nós olhemos para as estatísticas e vemos porventura os casamentos católicos a diminuir, uma coisa é certa, penso que, hoje, o casamento é uma opção com muita convicção. Hoje já não se casa por qualquer coisa. E temos pessoas muito comprometidas que hoje avançam para o matrimónio”, disse Nuno Azenha, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O responsável nacional dos CPM defende que hoje a preparação dos casais para este sacramento “se faz com mais qualidade” e que os noivos estão “muito mais preparados” para o compromisso.

As ânsias da juventude foram temas abordados no encontro, e segundo Susana Magalhães, os jovens no presente “estão sujeitos a pressões diferentes do passado”.

“São jovens muito qualificados, mas que ao contrário do que seria de pensar, estão muito dependentes ainda dos pais e vivem em empregos precários, quando os têm, porque o desemprego jovem também é elevado”, indica a entrevistada, que diz que estas preocupações interferem com a vida e com os relacionamentos.

Sobre o lugar da fé no seio da dinâmica familiar, Susana destaca que os jovens quando procuram os encontros CPM “andam à procuram de algo” e que, às vezes, “passaram anos afastados da Igreja” e sentem no movimento “algum ponto de acolhimento”.

“Temos essa experiência que ainda somos, para muitos jovens, novamente um primeiro anúncio. Muitos jovens que fazem um percurso muito inicial de catequese, que acabam por abandonar a igreja, e é, de facto, quando pensam num matrimónio que a procuram outra vez. E, de facto, somos nós, o movimento CPM, que volta novamente a abrir as portas da igreja para esses casais”, explica.

O padre Paulo Jorge, assistente nacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio, assinala que o “espírito tem suscitado na Igreja muitos movimentos de espiritualidade conjugal, de espiritualidade familiar, para além daquilo que é já tradicional”.

“Nas famílias vai acontecendo este despertar que surge também de uma necessidade. Da minha experiência pessoal, ainda que encontre muitas famílias que andam longe, distantes da Igreja, mas quando se lhes oferece o Evangelho, quando se lhes oferece Jesus Cristo, elas agarram entusiasmadas, cheias de alegria. Andavam à procura, ainda que sem o saber”, referiu.

A sala cheia do encontro/peregrinação nacional da Federação Portuguesa dos Centros de Preparação é, para Susana Magalhães, uma manifestação de que “a família não está em crise”: “Reinventa-se, muda, transforma-se com o tempo e nós Igreja temos que nos preparar para acompanhar essa evolução”.

Padre Paulo Jorge, assistente nacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM)
Foto: Agência ECCLESIA/LFS

O encontro tanto foi participado por casais com décadas de matrimónio como pelos mais recentes neste sacramento o que, de acordo com o padre Paulo Jorge, é um “sinal de esperança”.

“De esperança de um futuro da Igreja marcado por estes casais jovens que continuam a sonhar à luz da Igreja e à luz daquilo que são os princípios evangélicos, mas, por outro lado, também este caminhar passo firme com aqueles mais velhos que já vão à frente e que nos vão ensinando também esse caminho seguro de uma experiência de vida, de uma vida já aprovada”, salientou.

Questionado sobre se o impacto da JMJ Lisboa 2023 se vai refletir no aumento de matrimónios católicos, o assistente nacional dos CPM indica que ainda é cedo para perceber “o alcance e os frutos” deste encontro.

Esperamos que o espírito faça acontecer tudo isso. Por certo, [a JMJ] trouxe a marca e a vivência de uma proximidade a Jesus Cristo que depois há de dar frutos na vida. Se vai dar frutos na vocação ao matrimónio, se vai dar frutos na vocação religiosa, se vai dar frutos na vocação sacerdotal? Eu penso que, se calhar, um pouco abrangente, mas que o espírito sacudiu a Igreja na Jornada Mundial da Juventude, a Igreja que está em Portugal, disso não tenho dúvidas e, por isso, olhamos para a frente com muita esperança”

A peregrinação do CPM contou com um painel de oradores para analisar a realidade atual da família jovem, além de um momento de oração, com Eucaristia de encerramento na Basílica da Santíssima Trindade, presidida pelo bispo da Diocese de Santarém.

“O CPM já há muitos anos tem assegurado um bom testemunho no acompanhamento dos noivos na preparação para a vida matrimonial. É bom e necessário reconhecermos que se trata de uma missão da Igreja”, disse D. José Traquina, na homilia, enviada à Agência ECCLESIA.

O bispo reconheceu que “o matrimónio corresponde a uma vocação e uma decisão de vida com especial significado” e “se existe preocupação com a formação para a vida consagrada e sacerdotal, também tem de haver para a vida matrimonial”.

“Irmãos e irmãs, colaborar na preparação da vida matrimonial é um bem que se projeta em várias dimensões: um bem para a própria família, um bem para a sociedade, um bem para a Igreja, um bem para o futuro de todos. Obviamente, a segurança, o bem-estar social e o desenvolvimento da sociedade, não dependem só da economia, dependem também, e muito, das famílias e das escolas”, concluiu.

LFS/LJ/PR

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Agência ECCLESIA

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