Maria Clara: Mundo ganha uma «figura exemplar»

Irmã Rosa Helena Moura acompanhou processo da futura beata, enquanto colaboradora externa da Congregação para a Causa dos Santos

Lisboa, 18 mai 2011 (Ecclesia) – Com a beatificação da Mãe Clara, este sábado, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC) ganham um “ponto de referência” e o mundo uma “figura exemplar”, diz a Irmã Rosa Helena Moura.

“O segredo da Irmã Clara está exatamente nas pequenas coisas, fazer aquilo que se pode e se é capaz de fazer, e isso para o mundo de hoje traria muitas consequências” destacou a religiosa, em declarações ao Programa ECCLESIA, na RTP2.

Esta franciscana hospitaleira teve a oportunidade de acompanhar todo o processo de canonização da Irmã Maria Clara, enquanto colaboradora externa da Congregação para a Causa dos Santos.

Apresenta a fundadora da CONFHIC como um mulher “muito otimista”, cuja “educação cristã profunda” lhe terá permitido “ver os  aspetos positivos” de uma vida marcada pelas dificuldades.

Apesar de ter nascido no meio de uma família nobre, em meados do século XIX, Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Teles e Albuquerque, a Irmã Maria Clara, desde cedo viu-se privada das comodidades que o seu estatuto social lhe conferia.

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A perseguição à sua família, por parte do regime liberal, o empobrecimento e a perda dos pais, e mais tarde a experiência de educação no Asilo Real da Ajuda retiram-na do seu “mundo conhecido” para outro feito de miséria e orfandade.

“Tudo isso vai forjando uma personalidade” explica a Irmã Rosa Helena Moura, para quem estes acontecimentos tiveram importância decisiva na “escolha de uma vida religiosa”, por parte de Maria Clara, e no crescimento de “um desejo de se dedicar aos mais necessitados”.

O seu “ caráter forte” deu-lhe a capacidade para transformar, juntamente com o padre Raimundo Beirão, “um grupo de senhoras das servas seculares numa congregação regular”, numa altura em que o regime liberal procurava desmantelar as Ordens Religiosas e tinha proibido a admissão de novos membros para as Congregações femininas.

Logo no início da sua atividade, a partir de 1871, a CONFHIC destacou-se pela assistência prestada aos mais desfavorecidos que enchiam as ruas de Lisboa e as colónias do Ultramar, depois de anos de guerra liberal que esvaziaram os cofres portugueses.

Sob a égide da fundadora, sublinha a Irmã Rosa Helena Moura, foram criadas em Portugal e no exterior “mais de 140 obras de âmbito social”, e a CONFHIC foi “pioneira” no desenvolvimento de serviços de enfermagem, quer ao domicilio quer junto dos hospitais.

No entanto, não se restringiu às obras tradicionais, abrindo um novo “caminho novo de serviço aos pobres”, como por exemplo com a criação das “cozinhas económicas”, para a classe operária ou para estudantes pobres.

A Irmã Rosa Helena Moura acredita que a beatificação da Mãe Clara funcionará como um reforço de todo este legado, que hoje perdura na história da CONFHIC através de dezenas de casas espalhadas por Portugal e pelo mundo.

“Todo o fundador aparece como ponto de referência, como uma memória do carisma que Deus deu a essa congregação, por isso, perdida a ligação com as primeiras irmãs, precisamos de retomar esse contacto mais  diretamente” conclui.

PTE/JCP

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