Madre Clara: Nova beata portuguesa é «exemplo» e «provocação», diz núncio apostólico

D. Rino Passigato celebrou missa de ação de graças pela beatificação na sé de Lisboa

Lisboa, 23 mai 2011 (Ecclesia) – O representante diplomático da Santa Sé em Portugal afirmou este domingo que a Madre Maria Clara (1843-1899), beatificada no sábado em Lisboa, constitui um “exemplo” que “tem de ser” entendido como “interpelação e provocação”.

D. Rino Passigato, que presidiu na sé de Lisboa à missa de ação de graças pela beatificação, sublinhou que a religiosa portuguesa fez da sua “existência terrena uma vida apaixonada de amor pelos mais pobres e necessitados”, refere o texto da homilia, enviado à Agência ECCLESIA pelo Patriarcado.

“Esquecendo-se de si própria”, a “santa da caridade”, que se “agigantou” na “sociedade portuguesa do séc. XIX, converteu-se “no rosto visível da ternura e da misericórdia divinas”, destacou o arcebispo italiano.

A cofundadora das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (Confhic) estimula cada fiel “a ultrapassar-se no jogo do amor e da ternura, neste mundo cada vez mais fechado sobre si mesmo, dominado pelo ódio, pela violência, pela opressão e exploração dos mais fracos”, disse o prelado.

“Ela convida-nos a edificar a nossa casa comum sobre os alicerces dos autênticos valores humanos e cristãos, devolvendo a primazia a Deus, fonte de toda a dignidade humana e da verdadeira fraternidade entre as pessoas, os povos e as nações”, acrescentou.

Referindo-se à beatificação, rito que propõe uma pessoa como modelo de vida e intercessor junto de Deus, autorizando o seu culto entre os católicos, Rino Passigato realçou que Maria Clara do Menino Jesus apresenta-se à veneração dos fiéis “como membro exemplar da Igreja e testemunha luminosa do ideal cristão”.

Também neste domingo o Papa Bento XVI assinalou a beatificação no Vaticano, recordando que a religiosa ensinou a “‘alumiar e aquecer’ a multidão de pobres e esquecidos da sociedade”.

A nova beata, Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque, nasceu na Amadora, arredores de Lisboa, a 15 de junho de 1843, tendo recebido o hábito da congregação religiosa das Franciscanas Capuchinhas em 1869, escolhendo o nome de Irmã Maria Clara do Menino Jesus.

A religiosa foi enviada a Calais, França, a 10 de fevereiro de 1870, para fazer o noviciado, na intenção de fundar em Portugal uma nova congregação religiosa, atualmente designada por Confhic, presente em 14 países de quatro continentes.

A primeira comunidade foi fundada em S. Patrício – Lisboa, a 3 de maio de 1871 e, cinco anos depois, a 27 de março de 1876, a congregação foi aprovada pela Santa Sé.

‘Mãe Clara’ morreu em Lisboa em 1899, no dia 1 de dezembro – data em que passará a ser evocada pela Igreja Católica – e o seu processo com vista à canonização iniciou-se em 1995.

O rito de beatificação constitui uma etapa importante no processo de canonização, mediante o qual um cristão é declarado santo e se alarga a sua veneração a todas as nações e congregações religiosas.

Antes de autorizar a beatificação, a Igreja exige habitualmente o reconhecimento de um milagre obtido por intercessão do futuro beato, voltando a exigir um novo para conceder a canonização.

RM

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Agência ECCLESIA

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