Madeira: 600 anos depois, espiritualidade franciscana «continua a marcar» caminhada de fé e religiosidade

D. José Rodriguez Carballo alertou que «a Madeira morrerá», se renunciar às «raízes cristãs»

Funchal, 07 jul 2022 (Ecclesia) – O secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada (Santa Sé), D. José Rodriguez Carballo, afirmou que os madeirenses “não podem renunciar às suas raízes cristãs”, na Eucaristia que comemorou 600 anos de presença franciscana na Madeira.

“Quem haveria de pensar que daqueles dois frades franciscanos que acompanhavam os navegantes portugueses que chegaram a esta ilha iria nascer esta obra tão importante de evangelização que, graças a Deus, continua muito presente na Igreja, através de outras instituições religiosas e através da Igreja particular da Madeira”, disse na homilia da Missa que presidiu na igreja matriz de Machico, dia 2 de julho, informa o ‘Jornal da Madeira’.

O secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada (Santa Sé), no local onde foi celebrada a primeira Eucaristia na ilha da Madeira, afirmou que os madeirenses “não podem renunciar às suas raízes cristãs”, porque “a Madeira morrerá”, como está a acontecer na Europa que está a renunciar às “suas raízes cristãs”.

Segundo o arcebispo espanhol, é preciso “evangelizar com alegria, sem pausa, apressadamente, como o fez Nossa Senhora”, e, neste momento, têm de “sair a correr para os caminhos, as praças”.

Devemos vir à Igreja para nos alimentarmos, mas o nosso lugar sobretudo dos leigos, está nas ruas, nas universidades, nos locais de trabalho na política, acabando com uma Igreja sectária formada por grupos fechados, tornando-nos realmente apóstolos desta alegria do encontro verdadeiro com Jesus”.

D. José Rodriguez Carballo, que foi ministro-geral da Ordem Franciscana, salientou que a celebração dos 600 anos de presença franciscana na Madeira servem para “levar a colaborar como família”, formando uma rede, que não exclua, mas que “seja congregadora de todas as forças vivas” da Igreja no arquipélago.

Neste contexto, recordou que a Igreja Católica está a viver um Sínodo dos Bispos, até 2023, e que caminhar juntos “é uma necessidade da Igreja”, porque padres, frades, freiras e leigos não podem “cada um caminhar para o seu lado”.

O secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, afirmou que “a Madeira continua a ser franciscana”, citando a historiadora Otília Rodrigues Fontoura, religiosa clarissa, que dizia que ‘a Madeira nasceu franciscana”.

Segundo o presidente da celebração, uma espiritualidade “marcou profundamente” a caminhada de fé e a religiosidade do povo da Madeira e “continua a marcar”, que se manifestaram através da Eucaristia, da festa do Espírito Santo “e em tudo o que precede o Natal de Jesus Cristo”, como os madeirenses chamam “a Festa”.

“Creio que sois um dos poucos povos que fazem preceder a festa do Natal com toda uma preparação, através de uma celebração eucarística e depois também do convívio fraterno”, acrescentou, referindo-se às ‘Missas do Parto’, que fazem parte da “espiritualidade franciscana”.

Recordamos aqui, nesta bela igreja de Machico, a primeira Missa celebrada por um dos franciscanos que acompanhava João Gonçalves Zarco, precedida da bênção desta terra.”

No início da homilia, D. José Rodriguez Carballo manifestou gratidão por “poder partilhar esta celebração dos 600 anos da presença Franciscana nesta Ilha”, assinalando que a Ordem Franciscana “nasceu missionária”, e São Francisco de Assis escreve na sua Regra “um capítulo dedicado expressamente aos frades que vão pelo mundo”, informa o ‘Jornal da Madeira’.

CB/OC

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