Lisboa: Com a JMJ, «morreu» o medo de ser Igreja, a mentalidade individualista, o clericalismo

«Faremos do serviço um estilo», afirmou D. Rui Valério na Missa de Entrada Solene na diocese, onde quer implementar um «autêntico ambiente de paz» e «promoção da justiça»

Lisboa, 03 set 2023 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou na homilia da Missa de entrada solene que quer fazer do “serviço um estilo”, implementar na cidade um “autêntico ambiente de paz” e referiu-se à “hora desafiante na Igreja”, após a Jornada Mundial da Juventude.

“A grande esperança da Jornada Mundial da Juventude não residiu só nem principalmente na quantidade de jovens aqui reunidos, nem apenas no entusiasmo que envolveu aqueles dias, nem o elevado nível pastoral e evangelizador que pudemos testemunhar”, disse D. Rui Valério.

A JMJ não representou só o encontro de jovens do mundo inteiro, Foi essencialmente o o desconfinamento espiritual da humanidade. E essa circunstância representa uma acrescida responsabilidade para não deixar esfriar a sua pujança”

Para o novo patriarca de Lisboa, com a JMJ Lisboa 2023 “morreu a vergonha de se ser Igreja, de viver enclausurado no medo de aparece e testemunhar a esperança” e morreu “a cultura do temor”.

D. Rui Valério referiu-se também ao fim da “mentalidade individualista, à morte do que o Papa Francisco chama de “clericalismo” e à necessidade de construir uma Igreja “para todos”, sublinhando que “todos têm lugar e devem ser acolhidos, ouvidos e respeitados”.

A esperança do mundo e também da Igreja não reside na expansão proselitista dos seus crentes, mas na sua capacidade de ser, ela própria, uma existência abnegada e totalmente dedicada aos outros”.

Foto Arlindo Homem

No início do ministério como patriarca de Lisboa, D. Rui Valério disse que deseja “servir na proximidade e escutar na disponibilidade” e ajudar a um ambiente de paz e de promoção da justiça na cidade de Lisboa.

“Em harmoniosa cooperação e estreita colaboração com as autoridades do Estado, as autarquias, instituições civis, Forças Armadas e de Segurança e num verdadeiro espírito ecuménico, vamos implementar no coração dos irmãos, na cidade, na relação das pessoas, no convívio das instituições, um autêntico ambiente de paz e serenidade, pela promoção da justiça, pelo amor à verdade e pelo empenho na solidariedade”, disse.

O novo patriarca de Lisboa expressou a gratidão por lhe ser confiada a missão após o “particular vigor” dos últimos bispos diocesanos, os cardeais Ribeiro, Policarpo e Clemente, manifestando ao último cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente “um sentido agradecimento pelas perspetivas de abertura que soube incrementar na vivência da fé face à cultura e aos plurais dinamismos da sociedade”.

O 18º patriarca de Lisboa, D. Rui Manuel Sousa Valério, tem 58 anos de idade e é natural da Urgueira, no Concelho de Ourém, contando no seu percurso com vários anos de serviço junto das forças militares, sendo desde 2018 bispo da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança; membro da congregação dos Padres Monfortinos, foi ordenado sacerdotal a 23 de março de 1991, em Fátima.

No início da celebração, D. Rui Valério saudou o presidente da República, assim como os representantes das autoridades civis, militares e autárquicas presentes, assim como os habitantes das regiões do país que lhe são próximas, nomeadamente o concelho de Ourém, onde nasceu, e às que está ligado como padre, na Diocese de Beja, Lamego, Bragança-Miranda e Lisboa.

Em nome de todos os diocesanos, D. Joaquim Mendes expressou. no início da celebração, as boas-vindas de D. Rui Valério “à grandiosa missão de servir a Igreja de Lisboa”, afirmando a “vontade de caminhar” em conjunto, na complementaridade de ministérios.

A entrada solene no Patriarcado de Lisboa de D. Rui Valério decorreu no Mosteiro dos Jerónimos, este domingo, após ter tomado posse na Catedral, este sábado.

PR

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