Liberdade Religiosa: Ocidente e a Europa têm que ser «provocados para dar a cara e ser voz» – Catarina Martins

Diretora da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre em Portugal destaca cimeira «inédita» que vai decorrer em Washington     

Lisboa, 07 jun 2018 (Ecclesia) – A diretora do secretariado nacional da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre diz que falta um olhar mais atento, por parte do Ocidente e da Europa, para os atentados à liberdade religiosa praticados em vários continentes.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Catarina Martins salientou a necessidade de trazer cada vez mais para o plano mediático a situação de “milhões de mulheres, de homens e crianças que são vítimas diariamente apenas e só porque são cristãos ou porque pertencem a uma minoria de determinado país”.

Os últimos relatórios da AIS tem mostrado de ano para ano um aumento significativo da repressão e violência por causa da fé.

Tendo isso em conta, o secretariado do organismo católico em Itália tomou a iniciativa de desafiar várias atrizes de Hollywood, como Asia Argento, Meryl Streep, Sharon Stone e Uma Thurman, para participarem numa campanha a favor das mulheres vítimas de intolerância e perseguição religiosa.

Ao mesmo tempo, a AIS – Itália criou um fundo solidário destinado especificamente a apoiar estas mulheres mais perseguidas.

A carta da Fundação em território italiano foi publicada na revista Vanity Fair e pretendeu mobilizar figuras mediáticas que atualmente estão envolvidas na luta contra o assédio sexual a atrizes em Hollywood, através de um movimento conhecido por ‘MeToo’.

Para Catarina Martins, esta é uma forma de “desafiar”, de “provocar” as pessoas para a situação de outros seres humanos que “não têm ninguém que olhe por eles”.

De “dar a cara e ser voz destes milhares e milhares de pessoas que não têm ninguém que dê a voz por elas”, porque caso contrário o drama dos atentados à liberdade religiosa continuará, sem tocar as preocupações dos países mais desenvolvidos.

“Porque eles não sentem esta realidade, não dão valor no sentido em que não conseguem olhar e resolver esta questão, porque não é na nossa casa, não é na Europa”, reforça a diretora do secretariado nacional da AIS.

Na campanha que foi colocada em marcha pela AIS em Itália, e publicada na referida revista, também “contra a indiferença”, participam três mulheres que já sentiram na pele a perseguição religiosa.

Rebecca, Dalal e a Irmã Meena, “respectivamente, uma cristã nigeriana escravizada pelos terroristas do Boko Haram, uma yazid iraquiana violada por militantes do Estado Islâmico e uma cristã indiana também alvo de violência sexual às mãos de extremistas hindus”.

Cada uma destas mulheres seguram nas mãos “cartazes com as hashtags #MeToo – #NotJustYou – #StopIndifference”.

“A AIS tem esta missão de informar, dar a conhecer, chamar a atenção para podermos ajudar a resolver este problema, dar-lhe visibilidade”, frisa Catarina Martins, que aguarda com expetativa a cimeira internacional que vai decorrer em Washington, nos Estados Unidos da América, nos dias 25 e 26 de julho.

Um encontro que “pela primeira vez” coloca a discussão acerca da liberdade religiosa “ao mais alto nível” e de onde a AIS em Portugal espera que saiam “frutos” para uma abordagem mais efetiva e definitiva a esta questão.

“É um evento inédito com vários países, organizado pelos Estados Unidos. É preciso de facto que haja alguma consequência, para que haja uma mudança de atitudes. Porque nós não podemos permitir que em pleno século XXI, em 2018, haja tanta gente que está privada de exercer livremente a sua fé”, completa Catarina Martins.

JCP   

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