Bispo diocesano falou em «magros resultados» na pastoral juvenil e em «paternalismo» dos adultos
Leiria, 18 abr 2019 (Ecclesia) – O cardeal de Leiria-Fátima pediu hoje ousadia para rever processos pastorais juntos dos jovens e referiu a falta de “iniciativas de aproximação” no que chamou de “magros resultados” no “esforço pastoral na área juvenil”.
“Perante a atual realidade dos jovens, particularmente na Igreja, vem-nos facilmente à consciência a sensação de distância em relação a eles, as dificuldades em descobrir oportunidades e iniciativas de aproximação e os magros resultados nos esforços pastorais na área juvenil”, afirmou D. António Marto na Sé de Leiria, durante a Missa Crismal a que presidiu esta manhã.
Segundo o cardeal português os jovens ajudam a ler “profundamente” a época que se vive, convidando a uma “conversão pastoral, missionária, pessoal e comunitária”.
Fazer caminho juntos, “sem paternalismo”, é a proposta do bispo de Leiria – Fátima que pede ousadia na pastoral e nos métodos.
“Não tenhamos medo de iniciar processos de pastoral, de inovar métodos e formas, sem ver resultados imediatos. A presença dos jovens é um facto destinado a tornar-se um paradigma para muitas comunidades demasiado fechadas nos limites de uma pastoral de tradições e de manutenção ou só para crianças e idosos”, afirmou.
Ao renovar as promessas das ordenações sacerdotais, os padres, presentes na Sé, renovam também o “coração jovem” em ordem a uma “abertura orante e generosa”, capaz de “olhar os jovens com o olhar benevolente de Deus e de ousar sair ao seu encontro para levar a boa nova às suas ânsias, inquietações e dificuldades”.
Disse D. António Marto que os jovens desejam ser escutados mas os adultos têm “dificuldade” em se abrir aos “desafios provocadores ou às fragilidade”.
“É que a escuta requer estar disponíveis a mudar, a deixar-nos transformar. Os jovens interpelam-nos e trazem-nos novidades, que é preciso discernir e saber acolher para rejuvenescer a Igreja e inovar na ação pastoral”, indica.
D. António Marto quer comunidades a mostrar um rosto jovem.
“A Igreja é jovem “quando não se compraz em viver das rendas do passado, mas responde, com audácia de fé e generosidade de coração, aos novos sinais dos tempos e aos desafios culturais, especialmente, das novas gerações”, sublinha.
O cardeal português pediu “apoio” e confiança “dos pastores e adultos” para os jovens para as “suas ideias e iniciativas inovadoras”, sem intenção de “domesticação” mas respondendo ao seu apelo para serem protagonistas.
“Eles têm necessidade de se sentirem úteis, de ver a sua criatividade encorajada, de receberem e assumirem responsabilidades nos vários âmbitos dentro da comunidade cristã e nas saídas para as periferias humanas através do voluntariado socio-caritativo ou missionário”, afirmou.
Uma Igreja “mais autêntica, relacional, amiga e confiável”.
“Não basta ter boas estruturas. É preciso promover comunidades de relações fraternas, capazes de acolher sem julgar à partida, de modo que eles descubram que a Igreja é comunhão, a sua família e nela se sintam em casa”, pediu D. António Marto.
LS/PR
Notícia corrigida às 12h00 do dia 19 de abril
Homilia do Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, na Missa Crismal 2019