II Concílio do Vaticano: Faleceu o «pulmão litúrgico» do Patriarcado de Lisboa

Com o II Concílio do Vaticano (1962-65), a Igreja ganhou novo fulgor pastoral e a área litúrgica, com a constituição «Sacrosanctum Concilium», deu passos de gigante na forma de viver os mistérios da fé. Com o falecimento do cónego José Ferreira, a 06 deste mês, o Patriarcado de Lisboa perdeu uma memória viva do grande acontecimento eclesial do século XX.

Com o II Concílio do Vaticano (1962-65), a Igreja ganhou novo fulgor pastoral e a área litúrgica, com a constituição «Sacrosanctum Concilium», deu passos de gigante na forma de viver os mistérios da fé. Com o falecimento do cónego José Ferreira, a 06 deste mês, o Patriarcado de Lisboa perdeu uma memória viva do grande acontecimento eclesial do século XX.

O cónego José Ferreira nasceu em 1918 em Paço, Torres Novas, e foi o nome da renovação litúrgica implementada no Patriarcado de Lisboa, após o II Concílio do Vaticano. Ordenado em 1941, em Lisboa, pelo cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, especializou-se em Liturgia, no Institut Catholique de Paris (França), entre 1966 e 1968.

Se o cónego José Ferreira foi o grande impulsionador da liturgia conciliar no Patriarcado de Lisboa, monsenhor José Manuel Pereira dos Reis, um ilustre liturgista, foi o seu grande mestre. Apesar de ter falecido (maio de 1960) antes dos trabalhos iniciais na Basílica de São Pedro, este sacerdote foi uma figura marcante do movimento litúrgico português.

O cónego José Ferreira contribuiu de forma persistente na renovação litúrgico-musical do Patriarcado de Lisboa. Foi presidente, durante mais de duas décadas, presidente da Comissão Diocesana de Liturgia e professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. Por ocasião do seu falecimento, o Secretariado Nacional de Liturgia disponibilizou, através do seu site, o livro «Os mistérios de Cristo na Liturgia». Nessa obra, o sacerdote realça que «as ações litúrgicas não são ações orientadas para produzir um resultado material, da ordem do utilitário, muito menos da ordem rendível. As ações litúrgicas são celebrações. Elas são a proclamação de um acontecimento salvífico, em ordem a permitir a quem as realiza exprimir a ação de graças por esse acontecimento e assim entrar em comunhão com ele e nele encontrar a salvação».

No jornal «Voz da verdade», 13 de março de 2016, D. Nuno Brás, bispo auxiliar de Lisboa, escreveu “quando, daqui por uns anos, alguém fizer a história da Reforma Litúrgica, fruto do Concílio Vaticano II, deparar-se-á com um nome incontornável: José da Costa Ferreira. Muitos pensaram e escreveram. Ele ensinou e realizou”.

Com o cónego José Ferreira, a liturgia deixou de ser “«teatro religioso» para abraçar a «nobre simplicidade» em que Deus realiza o que diz e nós acolhemos a Sua ação salvadora”, acentua D. Nuno Brás.

LFS

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