Igreja: «Virtual tem de ser imagem do real» – Diretor do gabinete de informação da Diocese do Algarve (c/vídeo)

Padre Miguel Neto destaca que «virtualidade trouxe maior aproximação, capacidade de comunhão» mas também de «tribalização»

Lisboa, 29 mai 2019 (Ecclesia) – O diretor do gabinete de informação da Diocese do Algarve afirmou que passar das comunidades digitais às comunidades humanas “é o grande objetivo da Igreja na rede digital”, numa entrevista por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2019.

“Não faz sentido pensar uma rede digital se nela não transparecer o que é a presença na comunidade”, referiu o padre Miguel Neto, em declarações à Agência ECCLESIA.

Segundo o diretor do gabinete de informação da Diocese do Algarve, “muitas vezes, há dificuldade” em perceber isso pela “iliteracia digital das pessoas”, como pela dificuldade em “perceber” que aquilo que se “passa no virtual tem de ser imagem do que passa no real”.

A mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2019 tem como título ‘Das ‘Community’ às comunidades’, propondo uma reflexão sobre a atualidade e a natureza das relações que se criam na internet.

“A mensagem é muito oportuna, realça que a comunhão é só uma e só pode ser uma”, assinalou o sacerdote, sublinhando que o objetivo é que a comunidade virtual seja “extensão” do que “é celebrado dominicalmente na Eucaristia e do que é a vida comunitária”.

Para o padre Miguel Neto, quando não há consonância entre os dois ambientes e existem duas comunidades, “normalmente, a virtual tem tendência para ser falsa”, afinal “é mais fácil angariar paroquianos virtualmente”.

Na Diocese do Algarve há, por exemplo, “necessidade de fazer” umas jornadas de formação técnica no âmbito das redes sociais, uma “preocupação” pela sua “proliferação ao nível da comunidade diocesana” onde “nem sempre expressam” o que é “a verdade da fé e, nem sempre, vão ao essencial” da vivência da comunidade.

No âmbito do virtual, o padre Miguel Neto destaca que existe “aproximação” às pessoas através da página da Diocese do Algarve e do jornal ‘Folha do Domingo’ na rede social Facebook, onde têm “bastante sucesso” com as transmissões em direto da “visualização da Eucaristia com o bispo e outras atividades”.

O entrevistado, que escreveu uma tese sobre ‘A Igreja na Sociedade em Rede – Perspetivas teológicas a partir do estudo de Manuel Castells’, salienta que a virtualidade “trouxe maior aproximação, capacidade de comunhão” mas também de tribalização” e observa que há lideranças podem as comunidades virtuais são uma procurando de satisfação pelos seus desempenhos.

“Procurarmos a satisfação do nosso ego e das nossas ideias naquilo que é a dimensão virtual da nossa vida e isso tem acontecido no âmbito politico”, acrescenta, considerando que o “caso mais paradigmático” foi a eleição do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que fez uma campanha praticamente “através do Whatsapp, sem contraditório”.

“No âmbito virtual religioso também existe isso. Temos a tendência sobretudo de âmbitos mais ultraconservadores de procurar fundamento para a sua maneira distorcida da vivência cristã através da realidade virtual e, muitas vezes, não tem uma expressão física muito grande, mas, virtualmente, fazem muito barulho”, desenvolveu.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se no domingo antes do Pentecostes, este ano no próximo dia 2 de junho.

Esta quinta-feira, o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja Católica em Portugal dinamiza uma sessão de apresentação a partir das 17h00, no auditório do Grupo Renascença Multimédia, na Quinta do Bom Pastor, em Benfica – Lisboa.

PR/CB/OC

 

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