Igreja/Sociedade: «Vivemos numa globalização da dor que não pode deixar indiferente nenhum sacerdote» — D. Rui Valério

Bispo do Ordinariato Castrense presidiu a Missa Crismal

Foto: Agência ECCLESIA

Lisboa, 05 abr 2023 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança afirmou hoje que se vive “numa globalização da dor” à qual os sacerdotes não podem ser indiferentes, lembrando a guerra e os abusos de menores, na Missa Crismal, em Lisboa.

“Em certo sentido, vivemos numa globalização da dor que não pode deixar indiferente nenhum sacerdote, sobretudo aqueles que, como nós, confiaram o seu sacerdócio e ministério a Deus, para que faça d’ele um instrumento de acompanhamento, de apoio, de santificação para os militares e elementos das Forças de Segurança”, disse D. Rui Valério na igreja da Memória, a Catedral do Ordinariato Castrense.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal assinalou que a situação dos abusos sobre menores “constitui um autêntico murro no estômago”: “Mais do que qualquer outra tragédia, não só nos põe a fazer interrogações, como a questionar-nos sobre nós próprios, e a nossa condição de testemunhas do Amor de Cristo ressuscitado.”

Segundo D. Rui Valério, na Missa Crismal os sacerdotes saboreiam “a doçura” do reencontro “como presbitério”, mas o coração está, também, “cheio de amargura”, por causa do “drama da guerra” na Ucrânia, a “má nova”, comprovada com testemunhos e provas, de “hediondos abusos molestadores perpetrados por indignos membros da Igreja, sobre vítimas inocentes e indefesas”.

“Todas as vítimas desses abusos estão no coração da nossa oração e da nossa súplica de perdão. A esta tristeza, veio juntar-se a dor da horrível e trágica morte do nosso irmão capelão, padre Luís Seixeira. É uma profunda e imensa amargura”, acrescentou, lembrando o sacerdote da Diocese de Lamego.

O bispo das Forças Armadas e de Segurança afirmou que diante do abismo da dor humana, “nem Cristo recua, nem volta a cara, e, como Ele, também os sacerdotes não recuam, nem voltam a cara”, por isso, a pergunta sobre a dor da humanidade “concretiza-se” na pergunta sobre a dor de cada um, e na relação que, como sacerdotes e filhos no Filho, vivem “com o sofrimento, com o fracasso, a doença, a crise e com o próprio mistério da morte”.

O responsável diocesano lembrou também que a Igreja Católica vive um tempo de sínodo, “que tem sido um tempo de escuta”, e espera que mobilize a serem “argutos na disponibilidade para ouvir mais o Senhor e mais dóceis e sensíveis, para ouvir o grito de dor que atravessa o mundo”.

“Para responder à globalização da dor, precisamos, por assim dizer, de uma sinodalidade na dor. Não podemos fazer isso sozinhos”, assinalou D. Rui Valério.

O bispo das Forças Armadas e de Segurança convidou os capelães a, “com simplicidade e alegria”, renovar as suas promessas, “certos de que está a resposta também para a dor, para o drama da guerra e do sofrimento de vítimas inocentes, para as traições e para os crimes hediondos, que permanecem escândalo e mistério”.

O Ordinariato Castrense de Portugal celebrou hoje, quarta-feira da Semana Santa, a Missa Crismal, com a bênção dos Santos Óleos e a renovação das promessas sacerdotais, por razões pastorais, para que esta quinta-feira os capelães possam estar nas suas dioceses territoriais.

D. Rui Valério, na informação enviada à Agência ECCLESIA, destaca que participaram “todos os capelães” de Portugal continental.

CB/OC

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