Igreja/Sociedade: Bispo de Setúbal lamenta condições «sub-humanas» em estabelecimentos prisionais

Cardeal D. Américo Aguiar lamenta generalização de suspeitas sobre quem desempenha cargos públicos

Foto Diocese de Setúbal

Lisboa, 26 nov 2023 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal disse ter encontrado condições “sub-humanas” nos estabelecimentos prisionais que visitou desde a sua tomada de posse, no final de outubro, falando num “plena dupla” para os reclusos.

“Visitei os dois estabelecimentos prisionais, do Montijo e de Setúbal, e vou ter de gritar bem alto que não se pode privar a liberdade de homens, de cidadãos, de pessoas, e tê-los a viver em condições sub-humanas, como estão a viver”, disse o cardeal D. Américo Aguiar, em entrevista conjunta à Ecclesia e Renascença, emitida hoje.

O responsável precisa que viu reclusos a “viver em condições abaixo do limiar da dignidade da pessoa humana”.

“Vi excelentes profissionais, desde a direção da cadeia, passando pelos guardas prisionais e por todos os trabalhadores, são magníficos. Estou a falar dos espaços físicos e de vida que são muito, muito, muito, muito abaixo daquilo que nós possamos imaginar como bitola para o respeito pela dignidade da pessoa humana”, alerta.

Um mê após a sua tomada de posse como bispo de Setúbal (26 de outubro), o responsável católico elogia um território “exemplar, que dá cartas, que é muito importante e que é decisivo em muitas áreas”.

Para D. Américo Aguiar, é “inaceitável” que as comunidades sadinas continuem a ser referidas “negativamente” pela opinião pública.

A entrevista aborda ainda a crise política no país, alertando para os riscos de uma generalização de suspeitas sobre quem desempenha cargos públicos.

“Não sei se daqui a cinco ou dez anos teremos pessoas disponíveis para ser candidatas às juntas, às câmaras, a deputado e ao governo”, realça.

O cardeal entende que os eleitos “ganham mal” e mostra-se preocupado pelo momento de dificuldades, em que “tudo está a ser dinamitado”.

Mais do que debater casos judiciais, o bispo sadino espera que, até às legislativas de 10 de março, os partidos políticos digam “o que propõem aos portugueses”, para que estes “escolham com consciência, com responsabilidade”.

“Se vamos discutir quem é mais simpático, quem é menos simpático, quem faz mais barulho, quem é mais reivindicativo, acho que chegamos à noite eleitoral e temos um problema matemático para resolver”, assinala.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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