Igreja/Sociedade: Arcebispo de Goa e Damão assinala «notável serviço» de «grupo minoritário» na «nação-gigante»

D. Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão lembra «grande dívida de gratidão» a Portugal la «herança de fé cristã»

Foto: DR

Cidade do Vaticano, 27 ago 2022 (Ecclesia) – O arcebispo de Goa e Damão, que hoje é criado cardeal no Vaticano, representa “um grupo bastante minoritário” na “nação-gigante” que é a Índia, revelou que quando pensa em Portugal é “na grande dívida de gratidão”.

“Quando penso em Portugal, penso logo na grande dívida de gratidão que nós, goeses, temos contraído com aquela grande nação que nos deixou a preciosíssima herança de fé cristã, e que depois ficou difundida pelo resto do Oriente, através da nossa pequena Goa”, disse D. Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão, à Rádio Renascença,

O arcebispo de Goa e Damão recordou as multidões que teve “o privilégio de presenciar” quando presidiu às celebrações no Santuário de Fátima, em outubro de 2014.

“O fervor daquela gente toda que lá acorreu, de todos os cantos de Portugal e do resto do mundo, alguns deles caminhando grandes distâncias a pé e desafiando as intempéries dos elementos”, realçou.

Aos portugueses, “sobretudo aos portugueses católicos”, incentivou que continuem “a ser faróis da fé cristã, orgulhosos da nação” que, “apesar do minúsculo tamanho, irradiou a fé cristã por quase metade do globo terrestre”.

D. Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão vai ser criado hoje cardeal, no consistório presidido pelo Papa Francisco, a partir das 16h00 locais (menos uma hora em Lisboa), no Vaticano.

“A minha nomeação para o Colégio Cardinalício veio como uma surpresa das mais inesperadas. Nunca me vi, nem em sonho, como candidato ao cardinalato e fiquei mesmo boquiaberto quando me apresentaram o Santo Padre a pronunciar o meu nome da janela do Palácio Apostólico, como um dos nomeados”, recorda sobre o anúncio do Papa Francisco, no dia 29 de maio.

Para o entrevistado, esta nomeação representa um “chamamento a uma maior responsabilidade no serviço da Igreja”, e a uma colaboração mais significativa e pessoal com o Papa e com os vários Dicastérios da Santa Sé.

O arcebispo de uma das dioceses mais antigas da Ásia, com quase 500 anos, salienta que “não há dúvida” de que a Igreja de Goa exerceu “um papel preponderante na proclamação do Evangelho pelas terras do Oriente”, com a “grandiosa obra missionária” de homens e mulheres de fé, “particularmente nos séculos XVI, XVII e XVIII”.

“É consolador que, ainda hoje, muitos filhos e filhas de Goa, dispersos pelos quatro cantos do mundo, continuam a dar um grande testemunho da sua fé e a exercer um papel de liderança na vida e na missão da Igreja”, realçou.

Sobre os desafios atuais dos cristãos na Índia, onde o cristianismo é minoritário, D. Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão começou por observar que se vive num mundo caracterizado pelo secularismo, materialismo, consumismo, “com o seu inevitável impacto sobre a vida e a vivência cristã”, e ser cristão na Índia “apresenta o mesmo tipo de problemas e desafios”.

“Somos um grupo bastante minoritário nesta nação-gigante de quase 1,5 mil milhões de habitantes. Não haja dúvida de que a Igreja Católica, apesar de representar um pouco menos de 2% da inteira população indiana, tem prestado um notável serviço à nação através da sua imensa rede de instituições de educação, saúde e ação social”, desenvolveu o arcebispo de Goa e Damão à Rádio Renascença, lamentando que é “cada vez mais difícil” continuar esse serviço à nação e à Igreja da Índia.

CB

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