Igreja: Sílvia Cardoso deu pão e cultura aos «descartados do seu tempo»

Paços de Ferreira prestou homenagem a uma filha da terra com processo de canonização no Vaticano

Paços de Ferreira, Porto 03 abr 2016 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou hoje que Sílvia Cardoso percorrer os “caminhos desconhecidos” de norte a sul de Portugal à procura dos “descartados do seu tempo” para lhes proporcionar “o pão do alimento” e o pão da Palavra”

“Dona Sílvia sai, pelas aldeias e arredores, vai pelas ruas conhecidas da Diocese do Porto e pelos caminhos desconhecidos de outras cidades e dioceses de norte a sul de Portugal, à procura dos seus tesouros no “caixote do lixo”, onde são lançados os descartados do seu tempo”, recordou D. António Francisco.

“E para estes pobres, ela procura uma resposta integral: o pão do alimento e da saúde de cada dia, o pão da Palavra, o pão da Eucaristia, o pão da Cultura”, sublinhou o bispo do Porto na homilia da Eucaristia em homenagem a Sílvia Cardoso, no dia da trasladação dos seus restos mortais para uma capela tumular na Igreja paroquial.

D. António Francisco referiu que Sílvia Cardoso viveu a “atitude constante de ‘saída’, como propõe o Papa Francisco

“Em saída de si mesmo, da sua comodidade, em saída da sua casa, da sua família, em saída da sua terra, sem se poupar, para ir ao encontro dos outros, de norte a sul do país, para os acudir, na sua pobreza económica, relacional, social e cultural, ou na sua indigência anímica, espiritual e doutrinal”, afirmou.

O bispo do Porto sublinhou que a vida da venerável Sílvia Cardoso se distinguiu pela “notável pobreza”, “evangélica pressa”, “criativa prontidão” e “profética liberdade interior”, tanto nos projetos sociais como na “promoção pioneira da formação dos leigos” em Portugal..

“A promoção pioneira da formação dos leigos, com novas linguagens e métodos inovadores, o contacto pessoal e o aconselhamento lúcido evidenciam quanto ela assume o anúncio do Evangelho, como primeira expressão da caridade, consciente de que ‘a maior pobreza dos povos é desconhecer Cristo’”, lembrou D. António Francisco citando a Beata Madre Teresa de Calcutá.

“Sílvia Cardoso vivia em desassossego constante, como andarilha de Deus que sai constantemente de casa, perdida de amor, pelos perdidos do seu tempo, procurando respostas integradas e integrais às necessidades materiais e espirituais do seu tempo”, acrescentou D. António Francisco.

Dela aprendemos que não basta “praticar obras de misericórdia”, mas que é preciso sermos misericordiosos e “tratar a todos misericordiosamente”, sustentou o bispo do Porto.

A cerimónia de trasladação dos restos mortais de Sílvia Cardoso do jazigo da família no Cemitério Municipal de Paços de Ferreira para uma capela tumular na Igreja Matriz da cidade, onde “Dona Sílvia” foi batizada em 1882, aconteceu no Domingo da Misericórdia,

A Eucaristia presidida por D. António Francisco no Pavilhão Municipal de Paços de Ferreira foi concelebrada pelos bispos auxiliares do Porto D. António Taipa e D. Pio Alves, e pelos bispos eméritos de Setúbal D. Manuel Martins e D. Gilberto Reis.

PR

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