Igreja/Saúde: Descanso semanal «é de uma higiene fundamental» para os padres, afirma bispo de Setúbal

D. José Ornelas refere-se ao tema preocupante do «burnout» no clero

Setúbal, 26 out 2017 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal disse que os padres devem “ter pelo menos um dia de descanso por semana”, estão habituados a dar “grande atenção” ao que os rodeia” e é necessário “pensar melhor” a gestão dos centros sociais paroquiais.

“Prego a todos que ter pelo menos um dia de descanso por semana é de uma higiene fundamental […] é necessário para pensar, recuperar energias. O fim de semana é muito absorvente de energia e criatividade, e deixa um cansaço ao qual é preciso dar atenção”, disse D. José Ornelas em entrevista à revista ‘Família Cristã’.

O bispo sadino explica que alguns têm “uma metodologia e conseguem” ter o seu descanso semanal “mas outros não” e revela que “gostaria” de aplicar esse conselho a si mas “raramente” consegue.

“A Igreja onde vivemos hoje, e particularmente esta de Setúbal, é uma igreja onde os padres e párocos sempre foram habituados a deitar uma grande atenção ao mundo que os rodeia”, observa.

Para o bispo de Setúbal, os sacerdotes acumulam funções não só na paróquia mas “também nas dioceses, nas várias pastorais especializadas”, sem serem em número suficiente para responder às necessidades, e é necessário “pensar melhor”, por exemplo, a gestão dos centros sociais paroquiais.

“Quando o padre tem de dar metade do seu tempo ao centro paroquial, quem é que faz de pároco?”, questiona.

D. José Ornelas dá também como exemplo que muitas das atividades pastorais são à noite, e “logo de manhã” têm de estar ativos, contudo, o que mais cansa “não é o trabalho” mas “os golpes que se apanham”.

“É uma mudança constante de teatros de operações, que requer uma mudança emocional muito grande”, reforça, dando como exemplo funerais, visitas a doentes, batizados, reuniões e “gerir questões económicas aflitivas da paróquia”.

Para o bispo de Setúbal tem de existir um elemento “integrador e avaliador” que na vida do padre “não pode ser outro que a sua identidade de padre e o seu relacionamento com Deus”.

“As coisas tornam-se difíceis de gerir e o burnout é a criação desse deserto interior que tantas vezes pode acontecer”, acrescentou.

Na entrevista publicada, hoje na página da internet da revista ‘Família Cristã’, D. José Ornelas realça a “entrega muito generosa” dos sacerdotes que têm de “trabalhar cada vez mais, em termos de complementaridade” e ter “leigos preparados e capacitados” nas comunidades cristãs.

CB/PR

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