Igreja/Portugal: «Vida Consagrada não pode deixar arrefecer este fogo que sentimos na Jornada Mundial da Juventude» – padre Adelino Ascenso

Presidente da Conferência dos Institutos Religiosos destaca «desafio» de apostar «noutras dimensões, outras formas de ser Igreja»

Foto: JMJ Lisboa 2023

Fátima, 21 nov 2023 (Ecclesia) – O presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) sublinhou os desafios deixados aos consagrados pela JMJ Lisboa 2023, que o país acolheu no último mês de agosto, congregando mais de 1,5 milhões de pessoas.

“A Vida Consagrada não pode deixar de forma nenhuma arrefecer este fogo que sentimos na Jornada Mundial da Juventude e ainda continuamos a sentir”, disse o padre Adelino Ascenso à Agência ECCLESIA.

O responsável da Sociedade Missionária da Boa Nova considerou que os consagrados têm de ir ao encontro dos jovens “no seu lugar e na sua situação concreta”, porque pode existir o perigo de na Vida Consagrada encerrarem-se na sua realidade e não irem ao encontro dos jovens, mas “é nessa saída” que devem apostar para que sintam “o fogo que eles sentiram e transmitiram”.

‘Todos Juntos – Desafios da JMJ’, foi um dos temas debaditos pela assembleia geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, em Fátima, na sequência da primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude realizada em Portugal.

“A JMJ deixou um desafio, não podemos chorar sobre a nossa situação, os Institutos estão envelhecidos, muitos institutos têm pessoas bastante idosas, há poucas vocações, mas temos de apostar noutras dimensões de ser Igreja, outras formas de ser Igreja. E aí entra naturalmente a sinodalidade”, desenvolveu o presidente CIRP, indicando que e devem ligar às palavras “esperança e confiança”.

Já a vice-presidente da CIRP, a irmã Ângela Coelho, destacou que a JMJ Lisboa 2023 deixou “duas grandes interpelações” à Vida Consagrada, a primeira é “não descurar a dimensão estética na apresentação da mensagem cristã”, e, depois, sem dúvida nenhuma”, o “testemunho, a capacidade “de testemunhar Cristo Vivo sobretudo na dinâmica do acolhimento”.

A XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema da sinodalidade, cuja primeira sessão decorreu de 4 a 29 de outubro, também esteve em destaque nesta assembleia da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, que se realizou, como a assembleia sinodal, em mesas redondas.

“Penso que está a ser uma experiência muito interessante e muito enriquecedora, este método de conversarmos no espírito e irmos vendo por onde o espírito nos vai conduzindo, o que dá ao Espírito Santo, a nosso Senhor o protagonismo que lhe pertence. Por outro lado, também nos abre e nos predispõe ao acolhimento do outro naquilo que ele tem de novo para me dar e enriquecer”, desenvolveu a irmã Ângela Coelho, da Aliança de Santa Maria.

Na primeira sessão do Sínodo também foi sublinhado o contributo específico da Vida Consagrada, e a vice-presidente da CIRP observa que “o modelo de liderança tem mudado muito na Igreja ao longo dos anos”, e tem-se verificado a necessidade dessa mudança, de paradigma, “do autoritarismo, do paternalismo, para paradigmas mais de serviço, de comunhão e todos em conjunto dar o seu contributo”.

O padre Adelino Ascenso salienta que a Vida Consagrada deve ter um “papel de liderança com grande humilde, sempre, papel de profecia arrastados pelo Espírito, que é rebelde”.

“Há essa santa rebeldia e nós temos que ir ao encontro dessa imprevisibilidade do Espírito, e nós, dentro da Igreja e na Vida Consagrada, teremos um longo caminho a fazer nesse sentido: Há intuições muito fortes e muito boas dentro dos Institutos mas é necessário, como foi dito pelo então cardeal Bergoglio [Papa Francisco] ‘Cristo bate à porta, para que lhe abramos a porta e deixemos sair’, mas deixar sair é irmos atrás dele, ao encontro dos jovens, do ser humano, nas suas realidade onde eles estão”, explicou o presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal.

A XXXVI Assembleia Geral da CIRP, que se concluiu hoje, decorreu desde segunda-feira, em Fátima, com o tema ‘Renovação do modo de ser Igreja em chave de sinodalidade’.

A iniciativa reuniu cerca de 160 consagrados, entre superiores maiores, religiosos convidados e elementos dos secretariados regionais e comissões nacionais.

OC/CB

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