Cultura: Beleza «pode agir sobre as pessoas», mas só elas têm «o poder de tornar o mundo melhor» – Martim Sousa Tavares

Maestro foi o convidado da 3ª sessão do ciclo de encontros conduzidos pela jornalista Maria João Avillez, na Capela do Rato

 

Lisboa, 21 nov 2023 (Ecclesia) – O maestro Martim Sousa Tavares afirmou esta segunda-feira, na Capela do Rato, em Lisboa, que a beleza “pode agir sobre as pessoas”, mas que só elas têm “o poder de tornar o mundo melhor”.

O maestro foi o convidado da terceira sessão do ciclo de conversas ‘E Deus em nós?’, conduzidas pela jornalista Maria João Avillez, e abordou o tema do papel da beleza na vida das pessoas e de como a arte, nomeadamente a música, pode tocar o sagrado.

“Eu acho que se estou aqui por alguma razão é. Se calhar, pelo facto de ter um contacto muito íntimo com a beleza e com obras de arte que são transcendentes, de alguma forma, e que custa a acreditar que tenham vindo de um ser humano mortal. E estar em contacto tantas vezes com este tipo de matéria acaba por agir sobre nós de uma forma que também transcende a esfera terrena em que nos encontramos, terrena e mundana”, referiu o maestro, em declarações à Agência ECCLESIA.

Para o entrevistado, a beleza não é capaz de realizar mudanças sozinha: “Um quadro muito bonito ou uma música muito bonita não melhora situação nenhuma, mas pode agir sobre as pessoas”.

“São as pessoas quem, de facto, tem o poder de tornar o mundo melhor e, portanto, o papel da beleza não deve ser secundarizado, pelo contrário”, sublinhou.

O capelão da comunidade da Capela do Rato, padre António Martins, considerou “importante” a realização destes momentos, em que são convocadas algumas personalidades para perceber de que forma percecionam Deus e de como Ele interpela, chama e toca cada um.

“Nós todos precisamos de acolher este testemunho convicto de cristãos implantados na praça pública, na sociedade, na cultura, na política, que trazem humanismo cristão ou a inspiração do Espírito Santo ao seu saber, ao seu agir, ao seu compromisso, à sua interpretação dos acontecimentos da realidade, nas suas diferentes dimensões, que é esta ligação entre fé e cultura”, apontou.

“Cada pessoa traz o seu testemunho de vida que se cruza ou não, normalmente sim, com Deus, com o exemplo de Cristo, com o mistério da Santíssima Trindade, com a importância do Divino Espírito Santo. Os grande artistas por exemplo, o sopro da criatividade, tudo isso, e tem corrido muito bem e as pessoas têm vindo”, confidenciou, por sua vez, Maria João Avillez.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a jornalista fez um balanço do ciclo de conversas, que tem registado uma “enorme abertura” por parte dos convidados para falar sobre o tema e partilhar experiências.

“A conversa é muito fluída. (…). Muitas vezes nem é aquilo que eu tinha tomado nota ou o que eu tinha previsto, porque eu também levanto voo na direção em que o entrevistado ou o meu convidado ou convidada levantam”, explicou.

A última conversa do ciclo de encontros ‘E Deus em nós?‘ tem como convidada a pintora Ilda David e vai acontecer a 29 de novembro, às 19h00.

O jornalista e comentador televisivo Sebastião Bugalho foi o primeiro convidado, tendo-se seguido a encenadora Matilde Trocado e o gestor David Lopes, que estiveram ligados à JMJ Lisboa 2023.

A respeito deste encontro mundial, Martim Sousa Tavares, admitiu que a iniciativa teve grande impacto nos participantes e na sociedade.

“Impressionou-me muito ver entrega de toda a gente. E todas as pessoas com quem falei, que lá estiveram, falaram-me de um momento em que só havia bem-estar, só havia bondade e acho que neste momento precisamos disso mais do que nunca, portanto o que eu gostava, se alguma coisa ficasse, era esse espírito de concórdia e de toda a gente a remar para o mesmo lado e não querer deixar ficar ninguém para trás”, frisou o maestro.

HM/LJ/OC

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