Vida Consagrada: Jornada Mundial da Juventude deixa desafio de «gerar processos de acompanhamento»

«É urgente voltar ao murmúrio da experiência pascal que é o não sabemos, não vemos, não temos, não compreendemos» – Padre Rui Santiago

Fátima, 21 nov 2023 (Ecclesia) – O padre Rui Santiago, missionário redentorista, destacou os desafios que a Jornada Mundial da Juventude 2023 deixou à Vida Consagrada, sublinhando a necessidade de “gerar processos de acompanhamento” e alargar a “agenda no diálogo”.

“Julgo que não é muito diferente dos desafios que deixa às comunidades cristãs em particular, que é gerar processos de acompanhamento. Em relação à Vida Consagrada, muito em específico, sobretudo é grande desafio alargarmos a agenda no diálogo, porque é muito fácil termos com o gosto, a paixão, a centralidade que colocamos nos nossos carismas, vamos para a conversa com uma agenda claramente no bolso”, disse à Agência ECCLESIA o provincial dos redentoristas em Portugal.

Segundo o padre Rui Santiago, aprender um diálogo com os jovens, em que deixem que eles os “desmontem”, em que aceitam “abdicar do controlo da escolha dos destinatários”, parece ser o primeiro grande desafio “e falar a partir da irrelevância”.

“E deixarmos que a juventude nos mostre no tipo de pergunta que faz e na não-importância que dá aquilo que achamos tão essencial redescobrirmos a irrelevância como lugar profético, teológico, lugar carismático para a vida consagrada se entender”, acrescentou o entrevistado, vogal da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal à margem da assembleia geral da CIRP, em Fátima.

A primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude em Portugal, a JMJ Lisboa 2023, decorreu de de 1 a 6 de agosto na capital portuguesa, e contou com mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, presididas pelo Papa Francisco, no Parque Tejo.

O padre Rui Santiago, a partir da sua experiência da JMJ, destaca um “segundo grande desafio” que é não irem para respostas instantâneas, rígidas, muito bem estruturadas, “diante de uma geração que pede segurança muito imediata, muito clara, sem caminho”.

O missionário da Congregação do Santíssimo Redentor contextualizou que experimentaram em muitos jovens, “sobretudo de grandes grupos no contexto de movimentos, que talvez não seja uma redescoberta do Evangelho mas redescoberta de um desejo, de uma nostalgia de cristandade que não faz muito sentido hoje”.

“E estão a conseguir arregimentar muita gente, na JMJ vimos como há respostas muito instantâneas, muito bem estruturadas, muito rígidas e, normalmente, associadas a olhares para o mistério da fé mais seco do que hidratado, mais fechado do que aberto, que estão a conseguir arregimentar muita juventude”, desenvolveu, acrescentando, da experiência que fez durante a JMJ Lisboa 2023, que “não parece que seja coisa assim tão duradoura”.

Para o padre Rui Santiago, vogal da Direção da CIRP, “é urgente voltar ao murmúrio da experiência pascal” – “o não sabemos, não vemos, não temos, não compreendemos” -, porque se colocarem o olhar ou o diapasão correto, “em termos teológico e teologais” da experiência que vão vivendo, em termos civilizacionais, podem fazer isto “como uma crise de fé e um momento de crescimento e aprofundamento da fé”.

A XXXVI Assembleia Geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, que se concluiu hoje, decorreu desde segunda-feira, em Fátima, com o tema ‘Renovação do modo de ser Igreja em chave de sinodalidade’.

A iniciativa reuniu cerca de 160 consagrados, entre superiores maiores, religiosos convidados e elementos dos secretariados regionais e comissões nacionais.

OC/CB

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