Igreja/Portugal: «Ter um padre português a orientar o retiro de Quaresma do Papa deve levantar-nos a autoestima» – D. João Lavrador

Responsável pelos setores da Comunicação e Cultura saúda missão que este ano foi atribuída ao sacerdote José Tolentino Mendonça

Lisboa, 30 jan 2018 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais diz que a escolha do padre Tolentino Mendonça para orientar o retiro de Quaresma do Papa deve ser motivo de orgulho para a Igreja Católica em Portugal.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. João Lavrador salientou que este facto deve levantar a “autoestima”, tanto “da Igreja” como dos portugueses em geral.

Um “povo” que “pela capacidade intelectual, artística ou pelo pensamento teológico pode influenciar esta cultura em que nós estamos”, salienta o também atual bispo de Angra, nos Açores.

A escolha do padre português José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e consultor do Conselho Pontifício para a Cultura da Santa Sé, foi confirmada este domingo pelo jornal L’Osservatore Romano.

Esta publicação do Vaticano destaca o sacerdote madeirense como “teólogo e poeta”, “uma das vozes mais autorizadas” da cultura portuguesa.

Nos últimos dias, a Santa Sé já tinha anunciado a escolha de outro português, o arquiteto Eduardo Souto Moura, como um dos convidados para a conceção da capela do pavilhão do Vaticano que irá estar presente na Bienal de Arquitetura de Veneza, entre 26 de maio e 25 de novembro deste ano.

“Isto só nos faz sentir a responsabilidade que temos, por ter um arquiteto a colaborar no Vaticano e a apresentar obras no Vaticano e um padre do contexto português a oferecer reflexões para o retiro do Papa e da Cúria Romana”, reforça D. João Lavrador.

O responsável pelo setor da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais da Igreja Católica em Portugal referiu-se a esta questão durante o último encontro de referentes do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (dia 27 de janeiro) em Fátima.

Uma iniciativa que contou também com a presença do escritor e crítico literário Pedro Mexia.

Para o também assessor cultural da Presidência da República, que conhece o padre José Tolentino Mendonça há 25 anos, a chamada do sacerdote português para orientar o retiro de Quaresma deste ano da Cúria Romana é “uma boa notícia”, também para o futuro de uma Igreja que se quer cada vez mais próxima das pessoas e da sociedade.

Pedro Mexia coloca o padre José Tolentino, “pelos seus méritos, pela sua dimensão de escritor, de figura pública”, como uma das figuras que tem marcado “a viragem” de paradigma na Igreja Católica.

De uma igreja “mais presente no mundo tal como ele é”, que escuta “as ideias das pessoas”, que quer “dialogar” com todos os contextos da sociedade, complementa.

José Tolentino Mendonça nasceu em Machico (Arquipélago da Madeira) em 1965 e foi ordenado padre em 1990; é doutorado em Teologia Bíblica, em Roma.

A 2 de janeiro, o jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’ destacou a sua obra ‘A Leitura Infinita – Bíblia e sua interpretação’ e sublinhou a importância dada pelo especialista português à “imprevisibilidade” no discurso teológico, para que este não seja “ideológico e vão”.

Biblista, investigador, poeta e ensaísta, Tolentino Mendonça foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem de Sant’lago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em 2015.

HM/JCP

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