Igreja/Política: Patriarca pede reconhecimento do contributo das religiões

D. José Policarpo diz que a Concordata estabeleceu um princípio de cooperação que necessita de ser aplicado em «orientações éticas»

Lisboa, 01 Jan (Ecclesia) – O Cardeal-Patriarca de Lisboa apelou hoje a um reconhecimento da “contribuição ética da religião no âmbito político” e a uma laicidade “positiva”.

“Tal contribuição não deveria ser marginalizada ou proibida, mas, vista como válida, ajuda à promoção do bem comum”, disse D. José Policarpo na celebração do Dia da Paz, a que presidiu, na Amadora.

«Liberdade Religiosa, caminho para a paz» foi o tema escolhido pelo Papa para esta 44ª Jornada Mundial, celebrada na Igreja Católica, desde 1968, a 1 de Janeiro.

Segundo D. José Policarpo, “esta Mensagem desafia a nossa sociedade, antes de mais, a não se contentar com a Lei, mas a aprofundar e cultivar o papel da religião na construção da sociedade e a empenhar-nos na evolução desta situação a nível do Planeta”.

Neste contexto, o Patriarca de Lisboa destacou a importância da Concordata celebrada entre a Santa Sé e o Estado Português, em 2004.

“Em feliz hora nos pusemos de acordo em que o princípio da cooperação, para bem de toda a sociedade, influenciaria as relações mútuas entre o Estado Português e a Igreja Católica”, referiu.

Para o Cardeal, contudo, o acordo, apesar de “posto em prática em acções concretas”, está” muito longe de ser aplicado” na elaboração de orientações éticas, que “precisam de encarnar na nossa cultura e não navegar ao sabor de modas importadas de outros universos culturais”.

“A Igreja está hoje amadurecida para procurar essa cooperação no respeito de uma sã e positiva laicidade”, acrescentou.

Este responsável reconheceu que no país “há uma Lei da Liberdade Religiosa, que reconhece todas as religiões e garante a liberdade de consciência e de culto”, alertando, no entanto, que “a simples Lei não garante, por si, a valorização da religião, como valor decisivo, no progresso da sociedade”.

D. José Policarpo assinalou que “entre as perspectivas éticas que a religião, de modo muito particular o cristianismo, a religião dos nossos maiores propõe à sociedade, avulta o sentido da solidariedade e da comunhão fraterna entre os homens”.

“São numerosas as instituições caritativas e culturais que atestam o papel construtivo dos crentes na vida social”, precisou.

Às religiões, o Cardeal-Patriarca pediu um esforço de “sincero diálogo”, “endo todas a coragem de erradicar as expressões que agridam a dignidade da pessoa humana”.

A homilia de D. José Policarpo, na íntegra, esta disponível no portal da Agência ECCLESIA, na secção “documentos”.

OC

 

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