Bispo do Funchal assume vice-presidência e afirma que realidade europeia necessita de «profetas»
Roma, 23 mar 2023 (Ecclesia) – D. Nuno Brás, bispo do Funchal, reagiu hoje com “surpresa” à eleição para a vice-presidência da Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) e destacou a capacidade de Portugal “ser ponte”, ajudando a Europa a olhar para outras realidades.
“A realidade de ponte parece-me muito importante desenvolver. Muitas vezes a Europa olha demasiado para o seu umbigo; é importante que olhe para si, construindo-se, mas é importante que não descure a realidade que está para lá da Europa, dado o seu papel universal, não apenas em termos da economia mundial, mas também da vida concreta das pessoas”, explicou à Agência ECCLESIA.
A nova equipa é constituída pelo novo presidente é D. Mariano Crociata, bispo de Latina, na Itália, que conta ainda com outros três vice-presidentes na direção da COMECE: D. Antoine Hérouard (França), D. Rimantas Norvila (Lituânia), D. Czeslaw Kozon (Dinamarca), decorrente de uma assembleia do organismo que decorre em Roma.
D. Nuno Brás é o delegado da Conferência Episcopal Portuguesa na COMECE desde 2020 e inicia agora um mandato que se vai estender até 2028.
“Creio que é uma chamada para que Portugal possa ter uma voz e colaborar na ajuda muito importante que é a COMECE estar junto das instituições europeias, mantendo o objetivo de ajudar as instituições a trabalhar não como realidade burocrática ou tecnocrática, mas a partir do sentir da vida e identidade dos seus povos. A COMECE tem esta missão de ser o intérprete dos cristãos das realidades europeias, junto das instituições europeias”, indicou.
O bispo do Funchal sublinha a importância da “influência positiva” que a COMECE quer desenvolver, ajudando na “informação mas também pressão” junto das instituições decisoras, tendo em conta “o pensamento cristão dos europeus”.
A nova equipa teve uma audiência com o Papa Francisco esta manhã onde, assume D. Nuno Brás, é importante recuperar a dimensão profética, sabendo que a Europa tem hoje “um rosto diferente” dos anos 50.
“Precisamos tomar consciência que a Europa de hoje não é a mesma dos anos 50. E importa perceber que rosto queremos dar à Europa. O Papa disse que hoje a Europa precisa de profetas na nova Europa, um continente dinâmico que está a ser criado constantemente. A COMECE deve ser uma voz profética mobilizando os cristãos dos diversos países para não desistirem da Europa, porque, mais do que nunca é um projeto irrenunciável”, assumiu.
LS
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