Igreja: Quaresma é «oportunidade para trabalhar com cuidado o coração» – padre Miguel Rodrigues

Jovem sacerdote afirma que, apesar do cinzento, «há coisas muito bonitas a acontecer»

Lisboa, 24 mar 2023 (Ecclesia) – O padre Miguel Rodrigues, pároco da Parede, no Patriarcado de Lisboa, disse à Agência ECCLESIA que a “Quaresma não é um tempo triste”, que “é uma oportunidade para “trabalhar com cuidado o coração” e estar atento “às coisas bonitas que acontecem”.

“Não é um tempo triste, pelo contrário, é um convite a um encontro ainda mais profundo com Jesus, com todos os apelos, mas se é convite ao Amor o que suscita no nosso coração não pode ser pesado, pelo contrário, tem de ser sorriso e alegria”, indica o sacerdote. 

Ordenado sacerdote há quatro anos, o jovem de 30 anos explica que este tempo é “oportunidade dada para trabalhar com cuidado o coração” numa “vida de corrida diária”, “onde escapa” o essencial. 

Perdemos com muita facilidade a delicadeza, que é o que nos torna humanos, e o que Jesus nos traz é uma mestria em humanidade, no cuidado e atenção ao outro, a correria diária tira-nos o que é mais humano”.

Segundo o padre Miguel Rodrigues “o que deve acontecer no coração não deve transparecer para o rosto” e explica que as três práticas a que a Igreja convida neste tempo, “jejum, caridade e oração”, não podem ser impeditivas de sorrir, mas é para o “coração se libertar e ser mais luminoso”.

“Às vezes a nossa vida é uma Quaresma permanente, (no mau sentido da palavra), parece que nos habituamos a um certo cinzento e pesar mas, há coisas muito bonitas a acontecer, e não podemos tirar os olhos das coisas belas que vão acontecendo”, afirma.  

O pároco de Nossa Senhora de Fátima, na Parede, Patriarcado de Lisboa, defende que “não faz sentido privar de coisas numa parte do ano se depois isso não vai ter repercussão na vida” e, ao nível pessoal, este tempo é para “acentuar os espaços de oração e ter outras privações ao nível material, para que chegue essa ajuda a outros”.

Natural da paróquia da Amadora, o padre Miguel Rodrigues lembra este tempo vivido “em clima de grupo de jovens” onde ajudavam a comunidade a viver a Via Sacra.

“Trabalhávamos bastante este tempo ao nível dos jovens, recordo a forma como vivíamos aquele tempo na comunidade, com um retiro de fim de semana e depois tínhamos uma Via Sacra preparada só pelos jovens, desde os textos à encenação, eram textos escritos com a nossa vida e era muito vivido e frutuoso”, recorda.

O jovem sacerdote deixa ainda uma sugestão de visita para este tempo até à Páscoa: o Cabo da Roca, “o ponto mais a ocidente de Portugal”.

O Cabo da Roca pode ser um bom lugar para contemplação e encontro com Deus, o lugar mais a ocidente do nosso país, tem a ver com o ocaso e por do sol e nalgum momento da vida experimentamos isso, que a noite virá mas, se nos virarmos para o lado oposto, há uma aurora, pode-nos levar a essa contemplação, quando a noite se aproxima há sempre um sol que há-de nascer”. 

Foto Agência ECCLESIA/CB

O padre Miguel Rodrigues tem formação musical e integra a equipa paroquial e a equipa vicarial da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) além de acompanhar a equipa de música do coro JMJ. 

“É uma experiência maravilhosa, o coro é composto por 200 jovens do país inteiro, tem sido uma experiência incrível, é tudo muito fácil com gente com muita musicalidade e, assim que são propostas as músicas e ensaiadas as vozes, sai logo uma melodia que se percebe, é espetacular”, revela.

Olhando a Páscoa deste ano o sacerdote acredita que “deve ser surpreender” e tem experimentado isso na sua vida. 

“É algo inesperado e deve trazer sabor novo à vida, eu não vivo de expetativas, não crio e acho isso uma graça, tem-me trazido a capacidade de me maravilhar com o que Deus me traz”, partilha. 

A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA deste sábado, 25 de março, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online e em podcast

Em tempo de Quaresma o programa de rádio ECCLESIA, a cada sábado, convidou um sacerdote jovem para, em jeito de conversa informal, conte como vive este tempo, e as suas dificuldades, deixe a sugestão de um local a visitar e uma música que convide à reflexão.

SN

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