Igreja aposta mais nos números do que nas pessoas, diz D. António Couto

Presidente da Comissão Episcopal das Missões lamenta indiferença relativamente aos fiéis que abandonam as comunidades eclesiais

D. António Couto, bispo auxiliar de Braga, lamenta que a Igreja Católica esteja a dar mais atenção à quantidade de fiéis do que à situação de cada um: “Infelizmente, para nós conta a estatística, os números, e não as pessoas”.

“Quando um irmão deixa de frequentar a Igreja, ninguém pergunta por ele. É importante que os nossos irmãos se sintam amados. Aqui tendes a missão que nunca mais acaba. Mas, é necessário conhecer a pessoa pelo nome”, afirmou aos cerca de 100 participantes no “Fórum Missionário” realizado em Coimbra, a 22 de Maio.

“Apostai tudo na ovelha perdida”, “nem que para isso percam um mês, um ano ou uma vida inteira”, pediu o prelado, que acrescentou: “O trabalho, hoje, é de um a um”.

Na intervenção que proferiu sobre “A missão da Igreja nos escritos do Novo Testamento”, o presidente da Comissão Episcopal das Missões falou da urgência de usar a “linguagem dos afectos”, “tocando os corações dos homens”.

O prelado criticou a “linguagem fria”, criadora de “distância e indiferença”, e sublinhou que é preciso “agarrar as pessoas por dentro, para as não deixar ir embora”.

No entender de D. António Couto, os “leigos são a energia nuclear do Cristianismo” por estarem envolvidos nas várias realidades da sociedade, e a Igreja precisa do seu “trabalho testemunhal”, que só pode acontecer se eles forem “iluminados, vivos, atentos e apaixonados por Jesus Cristo”.

O bispo auxiliar defende que os fiéis dedicados ao anúncio da mensagem cristã devem ser mais humildes: “Quando as pessoas nos vêem muito ricas, desconfiam de nós”, afirmou, acrescentando que “o missionário é frágil, se não for frágil é rico, se for rico não está com Deus”.

No encontro, que decorreu no Seminário Maior de Coimbra, o prelado alertou os participantes para a situação dos doentes nas unidades de saúde: “70% dos que morrem nos hospitais foram abandonados e não tiveram ninguém com quem falar”.

D. António Couto chamou também a atenção para os planeamentos organizados sem a dimensão espiritual: “Programamos demasiado e depois quando vamos para o terreno é um grande fracasso porque muitas vezes não consultamos Deus”.

Serviço de Informação da Diocese de Coimbra / Agência Ecclesia

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