Algarve: Bispo recebeu lista com dois nomes, de um caso arquivado e outro que «não corresponde a nenhum sacerdote incardinado» ou nos arquivos

D. Manuel Quintas convocou assembleia geral do Clero

Faro, 09 mar 2023 (Ecclesia) – A Diocese do Algarve informou hoje que o seu bispo recebeu uma lista com dois sacerdotes identificados entre os alegados abusadores reportados pela Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, relativos a um processo já arquivado e a uma pessoa desconhecida, pelo que foi pedida “informação adicional”.

“Um dos nomes refere-se a um caso que a Diocese do Algarve teve conhecimento em outubro de 2021 e que desencadeou imediatamente uma investigação prévia, com informação ao Ministério Público, cujo resultado foi enviado para a Santa Sé, a qual, após a análise do processo, indicou que o mesmo deveria ser arquivado”, lê-se num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A Diocese do Algarve refere que o segundo nome indicado na lista da CI “não corresponde a nenhum sacerdote incardinado”, nem se encontra nos arquivos diocesanos “alguma referência a seu respeito”.

D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, já informou a CI e o seu Grupo de Investigação Histórica desta situação e está à espera de “informação adicional sobre este assunto”.

O esclarecimento surge na sequência da entrega de uma lista, pela CI, aos responsáveis católicos de Portugal, no último dia 3 de março, com nomes de alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos pelo relatório final desta comissão, apresentado publicamente no dia 13 de fevereiro, no qual validou 512 testemunhos, apontando a um número mínimo de 4815 vítimas, entre 1950 e 2022.

D. Manuel Quintas convocou todo o clero da Diocese do Algarve para uma assembleia geral, destinada a estudar medidas para “prevenir a possibilidade de ocorrência de abusos no futuro, quer envolvendo menores, quer adultos vulneráveis”, a partir da legislação civil e canónica em vigor, e a diocese pretende “alargar esta ação de formação a todos os agentes diocesanos de pastoral”.

O responsável católico “apela a todos, no sentido de manterem a esperança e de cultivarem um sentido cristo de acolhimento total às vítimas, bem como de caridade e acompanhamento em relação aos abusadores, chamados a assumir as consequências canónicas e civis dos seus atos”.

A Diocese do Algarve e o seu bispo, acresenta a nota, “tudo farão para que sacerdotes e demais agentes de pastoral recebam informação e formação sobre este assunto”, com o objetivo de criar uma “cultura do cuidado e da transparência” em todas as instituições diocesanas.

O Gabinete de Informação da Diocese do Algarve lembra  que o bispo diocesano, na sua mensagem para a Quaresma, assinalou que a publicação do relatório para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa pela CI como “um veemente apelo à conversão”, apelando à “coragem e decisão em conhecer a verdade”.

“Ninguém pode abafar ou ignorar este grito. Trata-se de uma realidade inqualificável”, afirmou D. Manuel Quintas.

O Vaticano disponibiliza desde 2020 um “vade-mécum” para ajudar os bispos e responsáveis de institutos religiosos no tratamento de denúncias de abusos sexuais de menores.

CB/OC

 

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