Fé e solidariedade no meio da tragédia

Imagem Peregrina de Fátima visita uma das zonas mais atingidas pelo temporal

A paróquia de Santo António, no Funchal, situada numa das zonas mais atingidas pelo temporal, recebe nesta Quinta-feira a Imagem Peregrina de Fátima.

O pároco, Cón. António Rebola, relatou à Agência ECCLESIA que nas comunidades limítrofes da Visitação e da Graça, localizadas na parte alta da cidade, “morreram, que se saiba, umas dez pessoas. E outras ainda estão desaparecidas”.

Uma mistura de sentimentos cruza nestes dias a paróquia de Santo António. Por um lado respira-se a tristeza da perda de vidas humanas. “Daqui a pouco tenho dois funerais: de um rapaz que foi vítima das derrocadas e da mãe, que faleceu talvez devido ao desgosto que teve”, referiu o sacerdote.

“Na Madeira ninguém se lembra de semelhante coisa. As terras estavam todas muito encharcadas”, constatou o sacerdote, que acrescentou: “Estamos todos muito em baixo. Mas enfim, isto faz parte da nossa história humana”.

A visita de Nossa Senhora à paróquia poderá ser “um momento de suavização da dor”. Neste Sábado a imagem percorrerá os lugares mais afectados pelas cheias antes de partir para Porto Santo. “É uma espécie de oração para pedirmos pelas vítimas mortais”, observou o Cón. António Rebola.

“Faço um apelo a que tenhamos calma e tranquilidade e sejamos humildes para aceitar as situações imprevistas que acontecem a quem está neste mundo”, pediu o pároco.

No Domingo, pelas 17h00, será celebrada uma missa exequial na Sé. O sacerdote assegurou que serão feitos “todos os possíveis” para que a eucaristia reúna uma grande participação de fiéis.

“Estamos a viver um tempo de dor e de angústia”, reconheceu o Cón. António Rebola. “Mas para quem tem fé, este não deve ser um momento de desespero. Temos de pegar na cruz e ajudarmo-nos uns aos outros”.

Mobilizar recursos para a reconstrução

O sacerdote assinalou que as “entidades competentes” procuraram alojar quem precisava de casa e que os bens essenciais estão a ser distribuídos pelos que mais precisam. O pároco destacou igualmente o impacto positivo das visitas do primeiro-ministro e do presidente da República.

A solidariedade também tem chegado às paróquias de Ribeira Brava e Serra de Água, severamente atingidas pelas cheias. “A nível de alimentação e de roupa estamos bem”, garantiu o Pe. Bernardino Trindade, um dos responsáveis da zona pastoral. 

“Agradecemos os auxílios que têm sido prestados. Agora temos de parar um pouco para avaliar melhor a situação”, disse o religioso dehoniano.

“As pessoas que quiserem ajudar poderão fazê-lo numa fase posterior, quando as vítimas voltarem às suas casas. Nessa altura, mais do que enviar bens materiais, seria melhor que depositassem o dinheiro na conta que abrimos, a fim de podermos adquirir o que é mais necessário para a vida do dia-a-dia”, sugeriu o Pe. Bernardino Trindade.

“As compras ficarão documentadas, para que se saiba que não haverá desvios na aplicação dos donativos”, indicou o sacerdote.

As consequências do temporal vão obrigar à construção de residências e à reabilitação de outras. “Não tenho dados definitivos mas penso que no concelho de Ribeira Brava haverá cerca de 70 habitações a precisar de obras”. Os dados provisórios recolhidos pela equipa pastoral mostram também que permanecem 120 a 150 desalojados na freguesia da Serra de Água e entre 30 a 40 na freguesia da Ribeira Brava.

As situações mais dramáticas afligem especialmente as famílias que perderam as habitações recém-construídas e as que se confrontam com empréstimos bancários de bens destruídos pelas cheias.

“Há pessoas que trabalharam a vida inteira e viram ir por água abaixo o seu sonho, que era a sua casa. Resta ter esperança para o futuro”, concluiu o Pe. Bernardino Trindade. 

Conta do BANIF para ajuda às famílias desalojadas na Paróquia da Serra de Água
NIB: 0038 0005 2002 8184 771 36; IBAN: PT50 0038 0005 2002 8184 771 36

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