Fátima: «Refundar a esperança» face à crise

D. António Marto inaugura Simpósio Teológico-Pastoral que reúne centenas de pessoas

Fátima, Santarém, 21 jun 2013 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima afirmou hoje que os católicos devem assumir a missão de “refundar a esperança em tempos difíceis”, ao inaugurar um simpósio teológico-pastoral de três dias no santuário da Cova da Iria.

“Depois da crise dos tecnicismos e dos capitalismos, depois da ‘suspeita’ sobre as grandes mundividências e sobre os monoteísmos, perante o cenário ameaçador do niilismo e do relativismo pós- modernos e os efeitos da atual crise económico-financeira, hoje estamos perante a sagrada tarefa de refundar a esperança”, disse D. António Marto, perante centenas de participantes na iniciativa intitulada ‘Não tenhais medo. Confiança – Esperança – Estilo Crente’.

O novo vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa referiu que os cenários do presente são “ameaçadores, tornando a consciência pública profundamente insegura”.

“Espalha-se uma falta geral de orientação que deixa as pessoas na solidão existencial de quem perde o sentido da vida e provoca reações contraditórias: uns deixam-se tomar pelo pânico, outros caem na apatia; de um lado, o alarmismo que vê próximo o fim do mundo; do outro, o fatalismo que leva as pessoas a caírem numa frieza social e numa insensibilidade impressionante”, alertou.

O bispo de Leiria-Fátima defendeu que uma reação típica deste género é o ‘carpe diem’, o “gozo do momento presente mesmo à custa dos vindouros”.

“Daí o mecanismo de contrair dívidas sobre dívidas à custa das gerações futuras que não podem protestar e também a opção de não criar muitos problemas gerando filhos. Esta atitude hedonista é expressão do niilismo extremo”, comentou o prelado, para quem a crise financeira também teve origem nesta mentalidade.

Para D. António Marto, a “doença mais grave” da sociedade é a perda de confiança “na vida, no sentido e na bondade da vida”.

“A crise dos ideais modernos não pode afundar-nos no desencanto do mundo e da vida e levar-nos ao desalento e à perda da esperança no futuro”, apelou.

Isabel Varanda, presidente da Comissão Organizadora deste Simpósio Teológico-Pastoral, alertou para a “perda da capacidade de projetar e de sonhar”.

“Sem esperança, não sabemos e não podemos viver”, observou a docente da Universidade Católica Portuguesa, que falou numa “crise de esperança” na Europa, nos jovens, nos países onde os Direitos Humanos são violados ou em quem se vê obrigado a deixar a sua terra.

“Poderá a fé religiosa tornar-se um lugar contemporâneo de esperança e de exercício da confiança?”, questionou.

O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, falou por sua vez da importância da confiança em Deus que é capaz de “vencer o desespero, a desesperança”.

A iniciativa, que tem transmissão online, está inserida no conjunto de atividades do 3.º ciclo celebrativo do Centenário das Aparições (2017).

OC

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