Fátima dá férias a mães de deficientes

Durante uma semana, crianças, jovens e adultos saem da rotina e participam em actividades lúdicas e espirituais

Proporcionar uma semana de repouso às mães que, em casa, cuidam dos seus filhos deficientes, é o objectivo da iniciativa que, pelo quarto ano consecutivo, é organizada pelo Serviço de Doentes do Santuário de Fátima e pelo Movimento da Mensagem de Fátima. As mães que puderem e quiserem são também acolhidas neste programa, embora haja quem prefira ficar em casa, de férias ou a trabalhar.

A actividade, financiada pelo Santuário, desenvolver-se-á em três períodos de uma semana. No primeiro turno – que começou a 16 de Agosto – estão presentes deficientes que, na sua maioria, têm entre 7 e 20 anos. Na segunda e terceira semanas, as portas do Centro de Espiritualidade Francisco e Jacinta Marto abrem-se para jovens e adultos dos 21 aos 40 anos. Ao todo, a iniciativa contará com cerca de 30 participantes de ambos os sexos.

“Os nossos passos com os passos dos pastorinhos” é o tema do programa comum às três semanas. Na manhã de Segunda-feira, os participantes conheceram a casa de Francisco, Jacinta e Lúcia. Após o descanso da tarde, as quatro crianças e jovens inscritos neste turno foram desafiados a falar sobre o que viram e sentiram.

No dia seguinte, visitaram a igreja paroquial. Depois de uma conversa sobre o Baptismo, foram convidados a receber o sacramento da Reconciliação, proposta a que também aderiram os voluntários.

Quarta-feira foi dia de passeio a Castanheira de Pêra, com estadia na praia fluvial. Ontem, os participantes visitaram a Capelinha das Aparições, a basílica e a Igreja da Santíssima Trindade. Durante a tarde foi proposto um Rosário meditado, com os jovens a apresentarem as suas intenções.

Para hoje, está prevista a apresentação da história, espiritualidade e objectivos do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF).

Experiência significativa para todos

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Lucília Santos reconhece que alguns participantes recebem melhor estas propostas do que outros, em função das limitações e potencialidades dos seus graus de deficiência. Mesmo num adulto, a mentalidade é muitas vezes infantil, explica a consagrada. Por isso, uma das funções dos voluntários é contribuir para que as pessoas com maior dificuldade de expressão transmitam as suas opiniões e sentimentos. Muitas vezes, tudo começa com um olhar.

Este ano, a iniciativa conta com a intervenção de 3 leigas consagradas e um sacerdote dos Silenciosos Operários da Cruz e de cerca de 40 leigos voluntários; a maior parte procede do MMF e dos Servitas, havendo também três seminaristas de Coimbra, Faro e Leiria-Fátima. Os auxílios nunca são demais porque há deficientes que, sem a mãe presente, precisam da assistência de duas pessoas. O estabelecimento de um número ideal de inscritos – 15 por semana – assegura que todos possam ser devidamente acompanhados.

A maioria dos voluntários participa pela primeira vez, e alguns não esconderam o receio durante o primeiro dos encontros de preparação. Mas as angústias desaparecem rapidamente, garante a religiosa.

A semana é uma oportunidade para que os doentes saiam da rotina, frequentemente condicionada pelas suas limitações. Para alguns, no entanto, este interregno sabe a pouco, dado que o regresso ocorre quando começam a estar familiarizados com o novo ambiente e a ganhar confiança com os voluntários e as consagradas.

“É muito gratificante ver os resultados” em todos os intervenientes, conclui Lucília Santos, que testemunha a “grande alegria” e “serenidade” com que as mães vivem estes dias, bem como o significado que a experiência constitui para os voluntários.

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