Experiências dos gabinetes de imprensa

Gestão de crise, relação de proximidade com os jornalistas e interactividade das redes sociais foram temas em destaque

As experiências dos gabinetes de imprensa estiveram em cima da mesa na tarde das Jornadas das Comunicações Sociais, que decorrem em Fátima até esta Sexta-feira, dia 11. Duas dioceses, um Santuário e uma instituição da Igreja Católica, o Opus Dei, tentaram responder à questão «luxo ou necessidade?»

O Pe. Jardim Gonçalves, Director do Departamento de Comunicação e Cultura do Patriarcado de Lisboa recordou o caminho feito deste departamento, desde a sua concepção até à altura em que “se sentiu preparado para dar formação aos jornalistas”.

Dois pilares foram centrais na sua concepção, há 10 anos atrás. “A função de comunicar no interior da Igreja e de comunicar com a sociedade civil, onde, em primeiro lugar, se inclui a opinião pública”. O segundo pilar dita o contacto directo com a comunicação social.

“O que montámos foi um departamento que comunica com a sociedade não apenas com a comunicação social nem com os seus agentes. Isto pareceu-nos essencial”, sublinha o Director do Departamento destacando a ligação entre o departamento e o próprio gabinete do Cardeal Patriarca de Lisboa.

[[i,e,543,Pe. Jardim Gonçalves]]A relação com os jornalistas é, no entanto, essencial. Por isso mesmo “ninguém os maltrata”, expressa o Pe. Jardim Gonçalves.

“O jornalista não é catequista nem membro de um movimento. O jornalista é membro de uma classe profissional, tem uma cultura própria e não pode ser taxado de ignorante em matéria religiosa. Se é culpa dele, é também da Igreja”.

Neste sentido, é dever da Igreja agir “de forma evangélica” e a gerar “comunhão com o jornalista”.

“Não se faz um trabalho sério se a comunicação não receber do Patriarcado uma relação humana”, afirma o Pe. Jardim Gonçalves que recorda a viagem a Roma, com 25 jornalistas, para acompanhar a preparação do Jubileu ou mesmo as etapas do Congresso Internacional para a Nova Evangelização.

“Não há um truque tecnológico, há primeiro uma humanidade”. 

Munidos de meios tecnológicos, humanos e documentais, o Departamento de Comunicação e Cultura do Patriarcado de Lisboa organizou dois cursos livres para jornalistas. «A Igreja explica-se aos jornalistas» e «As religiões explicam o seu vocabulário aos jornalistas» foram iniciativas onde participaram jornalistas de diferentes meios de comunicação social.

A exigência das redes sociais
A Igreja foi considerada a “rede social mais antiga. Nos primeiros tempos, sem o factor electrónico. Agora com esse meio acrescido”. Reconhecida a novidade, “estamos a agarrá-la com todas as forças e prova visível é a presença de tantas dioceses neste meio”, considerou o Pe. Américo Aguiar, Director do Gabinete de Imprensa da Diocese do Porto.

[[i,e,544,Pe. Américo Aguiar]]Referindo-se à necessidade de comunicar com as redes sociais, o Pe. Américo Aguiar indica ser neste meio que encontramos muitos jovens, que encontramos as pessoas”.

Indo aos encontro das redes sociais e abraçando “as oportunidades de encontro” há que “estar e estar bem. Não podemos arriscar ter uma presença mais ou menos. Se não formos capazes logo à partida, é melhor esperar. Não podemos deixar de responder às exigências com qualidade”.

A exigência da presença não pode, no entender do Director do Departamento do Porto desde 2002, ser vazia. “Na sede de estar em todo o lado e querer estar na rede, pode acontecer sermos excelentes comunicadores e não sermos capazes de transmitir nada”.

Recordando a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, “não podemos esquecer quem fica de fora das redes”, recordando que se as mudanças tecnológicas trazem constantes novidades, “há quem intencionalmente, fica de fora”.

Fátima: história de comunicação
Presente na mesa redonda, para abordar a assessoria aos jornalistas, Leopoldina Reis Simões, da Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, falou da procura que a mensagem de Fátima suscita na opinião pública e na comunicação social. Uma procura constante marcada pela história da própria mensagem de Fátima, da actualidade e dos testemunhos dos peregrinos que, “em alguns dias do ano, em grandes multidões humanas, aqui se concentram em oração”.

[[i,e,546,Leopoldina Simões]]Também os Papas “têm visitado o Santuário ao longo dos anos”, factor de notícia e curiosidade.

Um assessor de imprensa “deve cultivar as boas relações com a comunicação social, nunca deve ser entrave à informação nem deve ser ele a notícia, mas ajudar os jornalistas a chegar a ela”.

“A Igreja deve fazer ouvir a sua voz, estar em diálogo com a sociedade”, considerou Leopoldina Simões.

Os gabinetes de imprensa são uma necessidade, indicou a interveniente. “Mas que talvez nem todas as instituições da Igreja, sozinhas, por si, se podem dar ao luxo”, daí a importância de criar “redes de colaboração”.

Crises: oportunidade de comunicar
Pedro Gil, Director do Gabinete de Imprensa do Opus Dei, centrou a sua participação na mesa redonda na gestão de situações de crise. Momentos que criam “dificuldades nas organizações, causados por factos desagradáveis”, geralmente “acompanhados de picos mediáticos e que pedem uma reacção rápida”.

[[i,e,556,Pedro Gil]]Considerados momentos negativos, Pedro Gil indicou que este “pode ter pontos positivos porque é uma oportunidade para a mudança”. No entanto o planeamento é sempre um factor positivo para antecipar uma crise.

“Um plano para a crise ajuda a antecipar qualquer eventualidade, assim como a relação com os meios de comunicação”, frisou o Director do Gabinete de Imprensa do Opus Dei.

Todas as instituições passam por crises. Pedro Gil distinguiu entre as instituições que já passaram por crises e as que vão ainda passar”.

Lembrando que uma crise “corresponde a um momento” importa ter presente que algumas reacções podem alimentar a própria situação.

Pedro Gil apontou a necessidade de “preparar uma crise”, sendo central “falar sempre com verdade”. Em particular, em instituições da Igreja “o modo de reagir deve ser coerente com a instituição”.

A procura da comunhão é uma finalidade da comunicação da Igreja e o amor “deve ser uma atitude permanente dos comunicadores da Igreja”.

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