Expectativas e desafios para um novo bispo

Adão Sequeira, fundador da Associação de Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Lamego

Não são hoje diferentes de há 60 anos atrás a dimensão, os limites e as preocupações futuras da Diocese de Lamego. Com sede nas terras de Balsemão e constituinte principal da bacia do rio Douro, a Diocese de Lamego é rica em história, dimensão, antiguidade, generosidade humana, preocupações sociais e falta de meios.

O persistente cerco à sua evolução, a falta de pólos industriais e a limitada dinâmica da atividade económica obrigam Lamego e os seus limites diocesanos a viver das suas capacidades, sem os atrativos e convergência de meios de que os extintos distritos dispunham e de que Lamego cidade nunca beneficiou.

Já D. João da Silva Campos Neves dizia em 1949, na sua mensagem de entrada: «Sabemos queridos diocesanos que esta diocese é uma diocese pobre».

As encostas do Douro ricas em socalcos e pedra miudinha, os campos do varosa, a serra das meadas, o alto montemuro e as 14 sedes dos 14 concelhos que constituem a diocese são espaços existentes que dão ser e dignidade à Diocese de Lamego.

Sem indústria nem aconchego do poder central, Lamego viveu sempre da capacidade das suas gentes, da generosidade dos seus atos e da criatividade dos seus habitantes.

As limitações do subsolo e um relativo anacronismo das vias de comunicação terrestre se dão à diocese de Lamego a beleza do natural, impõem-na também a um crítico distanciamento dos seus habitantes, tornando a centralidade da cúria diocesana difícil à congregação dos seus diocesanos e penosa nos acessos para a deslocação do seu bispo aos lugares mais distantes.

Esta realidade visível e evidente fez e faz da Diocese um território de emigrantes não só para países de melhor futuro, como também internamente para as cidades de maior e melhores atrativos de vida, subtraindo à Diocese a massa cultural e intetual de que tanto necessita.

O retorno aos fins de semana, as festividades regionais e ciclos religiosos permitem ainda aos melhores centros habitacionais viverem um certo encorajamento psicológico que os difíceis e tortuosos acessos (numa diocese sem autoestradas nem vias rápidas) ainda não destruíram, mas têm dificultado e, lentamente, feito desaparecer.

Estas condições e demografia trouxeram às zonas mais críticas da diocese:

-uma diminuição concreta da prática religiosa,

-um misto necessário de fé, razão e pão,

-um envelhecimento populacional,

-uma lenta e real desertificação.

 

É nestas condições que um mundo de desafios aguarda a chegada do senhor D. António Couto para uma maratona de vida interveniente e ação dinâmica:

junto de um clero jovem, bom e culto que espera o novo pastor com ideias novas, diferentes, claras, definidas e atuais;

-junto de uma comunidade de idosos cada vez mais idosos e crentes num além sempre distante mas cada vez realmente mais próximo;

-junto de um grande número de desempregados, alvo fácil de injustiças e incompreensões;

-junto de uma juventude rica de bondade e disponibilidade à espera de caminhos sempre novos nos novos caminhos da missão.

-junto de um rebanho de economia débil e bondade sem medida que aspira cada vez mais a luzeiros do caminho na procura do caminho da luz.

 

É nestas condições também que as comunidades diocesanas de Lamego, enquanto agradecem a Deus terem tido como seu bispo querido o senhor D. Jacinto Botelho durante 12 anos, saúdam e aplaudem o senhor D. António Couto como uma graça:

-pela sua alma missionária que  a todos abraça e transporta no seu coração de missionário dos  povos e pastor especial de Lamego;

-pela sua dedicação aos problemas candentes da ignorância de sabedoria bíblica;

-pelo seu contributo interventivo para dar a Lamego maior centralidade cultural;

-pela sua mão aberta a todos com especial ternura para a juventude, idosos e desempregados;

-pela sua capacidade de pastor presente junto da sua igreja orante;

-pela sua vida de bispo que nos fale da dimensão litúrgica dos atos e da centralidade da oração

-pela sua alma de irmão atento nesta sociedade em mudança;

-pela sua presença  em cada ato importante da diocese e suas comunidades;

-pela sua presença presente em cada ato de futuro que a diocese lhe exija.

Adão Sequeira, fundador da Associação de Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Lamego

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