Eutanásia: Movimento cívico pede a deputados que travem processo de legalização

Carta aberta destaca lições da pandemia sobre a vida e a morte

Lisboa, 30 out 2020 (Ecclesia) – O movimento cívico ‘Stop Eutanásia’ enviou uma carta aberta aos deputados portugueses para pedir a suspensão do processo de legalização da morte a pedido, que decorre no Parlamento.

O documento questiona a opção de “oferecer a morte num momento como este que estamos atualmente a viver com a pandemia Covid-19, já de si tão carregado de sofrimento”.

A Assembleia da República Portuguesa rejeitou na última sexta-feira a iniciativa popular para promover um referendo à eutanásia, que recolheu mais de 95 mil assinaturas.

O PS, o PCP, os Verdes, o BE, nove deputados do PSD e duas deputadas não inscritas votaram contra a proposta; o resto da bancada social-democrata (70 deputados) votou a favor, ao lado do CDS e do deputado da Iniciativa Liberal.

O movimento cívico ‘Stop Eutanásia’ destaca que a pandemia tem “ensinado muito sobre a vida e a morte”.

“Perante a dor imensa que todos sentimos com a perda diária de tantos portugueses, alguns nossos entes queridos, entendemos que é urgente apelar à sensibilidade de todos, para aliviar e confortar quem sofre”, pode ler-se.

A carta aberta convida a “oferecer a todo o ser humano um final de vida digno e acompanhado, junto dos seus, com os adequados cuidados médicos e atenção espiritual que permitam eliminar ou mitigar a sua dor”.

Todos desejaríamos ser acompanhados em situações de sofrimento, sem medos nem angústias, ser tratados com carinho. Isto não é uma utopia. Os Cuidados Paliativos são a resposta nestas circunstâncias”.

O ‘Stop Eutanásia’ sustenta que, “quando os doentes são atendidos adequadamente, deixam de pedir para morrer e querem viver o tempo da despedida, e chegar ao seu fim de vida em paz e com serenidade”.

“Estamos, sem dúvida, perante um tema delicado. Mesmo para os seus defensores, certamente a eutanásia coloca graves problemas éticos, nomeadamente, quando a situação dos cuidados paliativos é tão débil e ainda tão aquém do que já fora aprovado na anterior legislatura. Há, pois, ainda muito a fazer”, apontam os autores da missiva.

A carta aberta apela à “responsabilidade política e social” dos deputados para fazer de Portugal “uma democracia verdadeiramente humanista”.

A 20 de fevereiro deste ano, a Assembleia da República aprovou, na generalidade, os cinco projetos de lei – BE, PS, PAN, PEV e Iniciativa Liberal – que preveem a legalização da eutanásia em Portugal.

O debate do diploma na especialidade prosseguirá, agora, no grupo de trabalho criado para o efeito na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

OC

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