Daniel Serrão, membro da Academia Pontifícia para a Vida da Santa Sé, apela a uma tomada de posição da Igreja Católica O apoio à despenalização da eutanásia activa na UE, manifestado num relatório da Comissão para os assuntos sociais, da saúde e da família do Parlamento Europeu, está a provocar forte reacção negativa por parte da Igreja Católica na Europa. Os bispos católicos na Alemanha consideraram esta recomendação como um “passo atrás” no compromisso com a dignidade de toda e qualquer pessoa. A conferência episcopal alemã assinala que, após a despenalização da eutanásia na Bélgica e na Holanda, produziram-se “numerosas experiências alarmantes” com pessoas que não podem decidir por si próprias e são vítimas de uma morte autorizada pela lei. Para o português Daniel Serrão, membro da Academia Pontifícia para a Vida da Santa Sé, a proposta visa que os 43 países que não têm lei da eutanásia passem a adoptar a lei dos outros dois – a Bélgica e a Holanda. “Fiquei muito surpreendido, porque em 1999 há uma outra recomendação, da mesma Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, onde o problema é muito bem analisado. Aí se refere que a eutanásia não é nunca solução para os casos de incuráveis e moribundos, dado que a resposta esta no desenvolvimentos dos cuidados paliativos”, refere à Agência ECCLESIA. Este especialista assinala que seria importante para a UE se esta proposta fosse derrotada. “Aquilo que eu fiz foi escrever aos seis deputados que nos representam na Assembleia Parlamentar, pedindo-lhes que votem contra”, revela. A preocupação demonstrada por Daniel Serrão é grande, e leva-o mesmo a deixar um conselho: “penso que a Igreja Católica deveria ter assumido uma posição pública, para chamar a atenção das pessoas e obrigar a que estas se manifestem”. A Federação Mundial de Associações de Médicos Católicos (FIAMC) também se pronunciou contra este relatório, que será votado na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa prevista para o próximo 29 de Janeiro.