Episcopado venezuelano critica conselho nacional eleitoral

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) acusou ontem o conselho nacional eleitoral de subverter princípios básicos “como a retroactividade das leis e a presunção da boa fé” daqueles que assinaram o abaixo-assinado em favor de um referendo revogatório do mandato do Presidente Hugo Chávez. Os bispos afirmaram que a decisão do conselho nacional eleitoral “provoca uma maior fractura na confiança e na credibilidade da instituição”. A comissão eleitoral diz que recolhidas mais de três milhões de assinaturas, só 1,8 milhões são válidas, um número insuficiente para que a consulta popular seja obrigatória. Agora, quase 900 mil assinaturas têm de ser reconfirmadas, mas a comissão decidiu dar apenas dois dias para o processo e muitos analistas consideram que a tarefa é impossível. A CEV assegura que, com esse tipo de decisão, “não se soluciona a grave crise que atinge o país”. Depois de a comissão eleitoral ter anunciado que a oposição ainda não tem as assinaturas necessárias para garantir um referendo à continuação de Hugo Chávez no poder, os opositores intensificaram os protestos, tendo acontecido mais mortes nas manifestações de rua. Segundo a CEV, “uma das expressões legítimas de todos os membros da sociedade é o direito humano a se manifestar pública, pacífica e organizadamente, direito universalmente reconhecido. Dever das autoridades é o reconhecer e permitir tal direito, assim como facilitar a presença da força pública para que se exerça dentro da normalidade.” “ Condenamos o uso da violência como meio de encarar ou solucionar conflitos. Por um lado, a anarquia promovida e a repressão desmedida são totalmente reprováveis, não servem a nenhuma causa justa e o único que produzem é dor e morte; por outro, o poder moderado e coercivo do Estado deve regular-se pela responsabilidade das pessoas, a autoridade das instituições e a vigência da lei”, acrescentam. Os bispos católicos no país têm defendido sempre uma saída pacífica, constitucional e eleitoral para a actual crise política da Venezuela.

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