Direitos Humanos: Cáritas pede medidas «urgentes» para travar tráfico de pessoas

Organização católica diz que pandemia levou a aumento «alarmante» no número de vítimas

Foto: Caritas.org

Lisboa, 29 jul 2020 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas associou-se à celebração do Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, que se assinala esta quinta-feira, pedindo medidas “urgentes” para ajudar as vítimas deste crime.

A organização católica assinala que, por causa da pandemia da Covid-19, os números do tráfico e exploração aumentaram de forma “alarmante”.

A Cáritas conta este ano com a adesão da Coatnet, uma rede de 46 organizações cristãs empenhadas na luta contra o tráfico de seres humanos, para assinalar a data.

“Neste momento de propagação da Covid-19, denunciamos uma realidade preocupante para as pessoas vulneráveis que correm maior risco de se tornarem vítimas do tráfico de pessoas”, disse o secretário-geral da Cáritas Internacional, Aloysius John, numa intervenção divulgada pelo portal de notícias do Vaticano.

A organização católica defende que sejam oferecidas “redes de segurança” e “apoio material, médico, jurídico e psicológico” para acompanhar as populações mais vulneráveis.

Aos governos é pedido que tomem em consideração os “danos colaterais da pandemia global, especialmente sobre os migrantes e trabalhadores informais, agora mais expostos ao tráfico de seres humanos”.

A Cáritas Internacional e a Coatnet apelam a “medidas urgentes e específicas de apoio aos que trabalham nos setores informais, incluindo os trabalhadores domésticos, os trabalhadores agrícolas e da construção civil, e os migrantes sem documentos”.

“Exortamos os governos a fornecer a essas pessoas o acesso à justiça e a serviços básicos, tais como centros de acolhimento e linhas de apoio dedicadas. Também pedimos às instituições e organizações da sociedade civil para protegerem as crianças dos abusos e da exploração, que acontecem também através da internet e dos novos meios de comunicação”, acrescenta o comunicado.

A Cáritas Internacional apresenta como exemplo a situação na Índia, onde, durante a pandemia, aumentaram os casos de violência contra crianças e o número de crianças vítimas de exploração online também aumentou.

A organização indica que “92 mil casos de abuso infantil foram assinalados às autoridades em apenas 11 dias”, recordando que muitas crianças pedem esmola na rua.

Foto: Caritas.org

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), há mais de 40 milhões de vítimas do tráfico de pessoas e exploração em todo mundo.

“A falta de liberdade de movimento causada pelo confinamento e pelas restrições de viagem adotadas em muitos países”, explica a Cáritas Internacional, “significou para as vítimas do tráfico de pessoas uma possibilidade menor de fugir e encontrar ajuda”.

Gabriel Hatti, presidente do departamento da Caritas para o Médio Oriente e Norte da África, alerta para a situação “particularmente grave” no Líbano e em outros países da região, “onde muitos filipinos e outros trabalhadores estrangeiros estão a lutar para voltar a casa, depois de perderem seus empregos por causa da Covid-19 e da atual crise económica”.

Os trabalhadores concentram-se junto das suas embaixadas, “sem nenhum apoio social ou proteção psicológica, e muitos deles estão sem qualquer estatuto jurídico”.

O Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2013.

OC

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