Despertar para a vida consagrada

Sociedade não ajuda os jovens nas opções definitivas A vida consagrada continua “a ser apelativa para muitos” mas “não é fácil motivar a juventude para qualquer vocação: vida consagrada ou vida matrimonial” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. David Sampaio, sacerdote Verbita e Presidente do Secretariado Regional da CIRP. Em Lisboa, nos dia 1 e 2 de Fevereiro, realizou-se uma vigília de oração e uma celebração eucarística – presidida por D. Anacleto Oliveira, bispo auxiliar de Lisboa – que contou “muita pessoas”. E acrescenta: “Os textos e as meditações estavam muito bem preparados pelas «Cooperadoras da Família»” No Dia do Consagrado ( dia 2 Fevereiro) “ofereceu-se uma lembrança aos jubilados que comemoraram 25 ou 50 anos de vida consagrada”. Neste dia, os presentes – muitos deles religiosos/as – recordaram que um dia prometeram “entregar-se ao Senhor. Fazê-mo-lo sempre dentro daquele horizonte de que a entrega ao Senhor deve ser uma oblação diária” – frisou aquele sacerdote da Congregação do Verbo Divino. Em Aveiro, a diocese também se mobilizou para este dia e convocou os jovens para uma vigília de oração ao estilo de Taizé. “Inspirada nos modelos de oração que se faz naquela comunidade ecuménica” – apurou o Pe. Rui Barnabé, Director da Pastoral Juvenil e Vocacional da diocese aveirense. O esquema – dividido em várias partes – pretendeu alertar os jovens “para o específico da vida consagrada”. Os cristãos que estão “mais metidos nos movimento da Igreja são sensíveis” a esta pluralidade de formas de vida consagrada” mas “generalidade do público não está muito sensibilizado” – declarou o Pe. David Sampaio. O presidente da Comissão Episcopal de vocações e ministérios, D. António Francisco Santos, escreveu uma mensagem para este dia e o secretariado regional enviou a informação necessária para as paróquias da cidade. “Estou optimista com estas formas diferentes de vida cristã” – realçou. “Criou-se uma atmosfera calma de oração” onde “as pessoas se podem sentar no chão” – disse o Pe. Rui Barnabé. Uma forma dos jovens participarem e visualizarem as várias formas de vida consagrada. “Deu visibilidade às comunidades religiosas” – sublinhou o o padre da diocese de Aveiro. As ofertas são imensas todavia as opções “tornam-se difíceis – tanto para a vida consagrada como para outras – porque a mentalidade que impera entre nós passa muito pelo passageiro”. E adianta: “o voluntariado missionário é altamente valorizado pela igreja mas entronca no passageiro apesar de alguns enveredarem posteriormente pela consagração definitiva”. As contingências da sociedade contemporânea não ajudam ao discernimento. “O compromisso pessoal está em crise”. E concluiu o Pe. Rui Barnabé: “se a própria família não tem estabilidade é difícil os jovens acreditar que é possível assumir compromissos para uma vida inteira”. Dia do Consagrado A partir de 1997, estabeleceu-se que a Jornada Mundial da Vida Consagrada seria vivida a 2 de Fevereiro. Indicação dada por João Paulo II após a publicação da Exortação Apostólica Pós-sinodal «Vita Consecrata» de 25 de Março de 1996. O documento – que trata da vida consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo – realça que “ao longo dos séculos nunca faltaram homens e mulheres que, dóceis ao chamamento do Pai e à moção do Espírito, elegeram este caminho de especial seguimento de Cristo, para dedicar-se a Ele com coração ‘indiviso’ (1 Co 7, 34)”. O papel da vida consagrada na Igreja “é tão notável que decidi convocar um Sínodo para aprofundar o seu significado e as suas perspectivas em ordem ao novo milénio, já iminente”. Na Assembleia sinodal – ao lado dos Padres – estiveram também presentes um número considerável de pessoas consagradas, “a fim de não faltar a sua contribuição para a reflexão comum” – sublinhou o antecessor de Bento XVI. Também neste mesmo dia 2 de Fevereiro (hoje) a Igreja celebra a Festa da Apresentação de Jesus no Templo. Festa que remonta ao século IV – existem testemunhos históricos – onde Maria, em obediência à lei, se aproximou do Templo aos quarenta dias do nascimento de Jesus para apresentá-lo ao Pai e para cumprir com o rito da própria purificação. Foi o primeiro «encontro oficial» de Jesus com o seu povo. Daí que esta festa, nas Igrejas ortodoxas, seja chamada «o Santo Encontro» («hypapantè») do Senhor. Apesar da tradição, esta festa só assume um significado eminentemente cristológico com a Reforma Litúrgica de 1966. Na mensagem para este dia e subordinada ao tema «Testemunhas da presença e do amor de Deus» , o presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, D. António Francisco dos Santos, realça que os consagrados e as consagradas “têm a tarefa de ser testemunhas da presença transfiguradora de Deus no mundo”. E acrescenta: a sociedade do nosso tempo procura sinais credíveis, ousados e luminosos do Evangelho. Num reino de “mediocridade e de vazio, num tempo de recusas fáceis e frequentes da verdade e da exigência e numa sociedade a braços com a falta de compromissos estáveis e de fidelidades fecundas, o seguimento de Cristo na vida consagrada abre caminhos felizes de radicalidade evangélica, de renúncia e de desapego, de liberdade e de encanto, de coragem e de dom” – refere o Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios. A vocação à vida consagrada continuará “a florescer em Portugal, não tanto pela abundância dos números mas pela autenticidade da resposta ao chamamento de Jesus, o Mestre, pela verdade dos compromissos evangélicos assumidos e pela riqueza dos carismas, recebidos e multiplicados. A exemplo de Maria, ao apresentar e consagrar o Seu Filho no Templo do Senhor, “também os consagrados e consagradas renovam a esperança deste mundo envelhecido e tantas vezes cansado de esperar e anunciam tempos novos, com «novos céus e novas terras»” – concluiu D. António Francisco Santos.

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